Torcedores são condenados por insultos racistas a Vini Jr. em decisão inédita na Espanha

O caso aconteceu durante uma partida contra o Valência, em maio do último ano

Legenda: A sentença é a primeira na Espanha por racismo no futebol
Foto: Jose Jordan / AFP

Três torcedores do Valência foram condenados nesta segunda-feira (10) a oito meses de prisão por insultos racistas em maio de 2023 contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, um caso que provocou uma onda de indignação internacional. A sentença é a primeira na Espanha por racismo no futebol.

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Os três homens, que admitiram os atos, também serão proibidos de frequentar estádios de futebol durante dois anos, segundo o comunicado do Tribunal Superior de Justiça de Valência. Sendo um deles identificado pelo próprio Vini Jr., ao final do confronto.

“A LaLiga conseguiu a primeira sentença condenatória na Espanha por insultos racistas no futebol”, disse, em comunicado, a liga espanhola de futebol profissional espanhola (La Liga) que participou com parte na acusação no processo.

RELEMBRE O CASO

A Justiça de Valência, na Espanha, abriu no dia 26 de maio do último ano, uma investigação para apurar a prática de crime de ódio contra o atacante Vinícius Júnior, vítima de racismo no Estádio Mestalla, durante duelo entre Valência e Real Madrid, no dia 21 de maio de 2023. O brasileiro e três torcedores identificados como autores dos insultos racistas foram convocados para prestar depoimento.

Além disso, foi feito um pedido para que o clube valenciano indicasse seguranças que trabalharam na partida e possam testemunhar. A Justiça também solicitou o material audiovisual produzido no dia do duelo a partir do minuto 72, momento em que a partida é paralisada após Vinir Jr. apontar um dos responsáveis pelo ataque racista na arquibancada.

O brasileiro foi chamado de “macaco”, em coro, por torcedores do Valencia. Depois da partida, posicionou-se combativamente nas redes sociais e cobrou a LaLiga, associação responsável pela organização do Campeonato Espanhol, pela ineficácia em coibir manifestações racistas.

Na ocasião, o presidente da entidade, Javier Tebas, chegou a rebater o jogador, dizendo que ele estava mal-informado, mas mudou o discurso após a repercussão negativa e anunciou que pediria uma mudança na lei espanhola, com o objetivo de dar a LaLiga mais autonomia para punir a discriminação nos estádios do país.

O Valencia, por sua vez, foi punido com o fechamento de um dos setores de seu estádio por cinco jogos e considerou a sanção “injusta e desproporcional”. Após recurso acatado pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), contudo, a pena foi reduzida para três partidas. Também recebeu uma multa, que inicialmente era de 45 mil euros e caiu para 27 mil.