Álvaro Oliveira saiu da Austrália, enquanto César Gadelha partiu da capital cearense
O amor pelo Fortaleza tem feito torcedores atravessarem o mundo para apoiar o time no maior jogo da história do clube. O Tricolor do Pici busca o primeiro título internacional diante da LDU-Quito, na final da Copa Sul-Americana de 2023. Dois desses tricolores encaram longas distâncias para ver isso de perto. O empresário Álvaro Oliveira saiu da Austrália e o vendedor César Gadelha saiu de Fortaleza, de motocicleta, para ver a partida em Punta del Leste, no Uruguai. Somadas as distâncias das viagens, a dupla vai percorrer 17.752 km. O número corresponde a meia volta ao mundo (36.770km).
César Gadelha partiu de Fortaleza, na última sexta-feira (20), sozinho em sua moto. Encarou a estrada durante o dia e descansou pela noite. Entre uma pausa e outra, contou à reportagem sobre seu amor pelo clube.
“Fui com uns colegas para assistir Ceará e Fortaleza. Inclusive, meus colegas iam para a torcida do Ceará. E eu ia junto. Aí a gente se perdeu no ônibus, na chegada ao Castelão. Aí encontrei outros amigos que iam pra torcida do Fortaleza e entrei junto com eles. Desde então, nunca mais deixei de torcer Fortaleza”, relembra o vendedor de 44 anos.
Acostumado a viajar de moto, César escreve o próprio Diário de Motocicleta. Registrou tudo em fotos e vídeos. Assim, ele decidiu fazer 3 mil quilômetros nos primeiros três dias de estrada. A viagem durou uma semana. Ele chegou na tarde desta quinta-feira (26) após 5.200 km rodados.
“Caso acontecesse algum imprevisto, algum problema na moto, eu ter esse tempo para tentar recuperar e não perder a viagem. Acho que chego quinta ou sexta-feira. Esses dias estou indo com mais calma. Tenho três filhos e sou casado. Quero ver o Fortaleza ser campeão, aproveitar bastante e voltar para casa são e salvo”, ressaltou.
A família ficou um pouco apreensiva com a viagem solo, mas entendeu a importância do sonho de ver o time de coração em busca da grande conquista. César ressalta que a maior dificuldade é o cansaço. No entanto, lembra que é preciso redobrar a atenção com os veículos na estrada.
“Além do cansaço, ficar muito tempo na mesma posição, o calor, o frio, a chuva… Os veículos muitas vezes não respeitam o motociclista. Alguns me chamam de maluco. Mas não vejo maluquice, não. Maluquice é não fazer o que quer. Tem que viver, né? Tenho essa paixão pelo Fortaleza e por viajar de moto. E unir essas duas coisas é bom demais. Vou ao estádio sempre que posso. Tenho diversas camisas. Não sou dos mais fanáticos, mas sou bem ativo.
ODISSEIA TRICOLOR
Álvaro Oliveira, de 39 anos, encara uma odisseia no ar. Morador da cidade de Sunshine Coast, no nordeste da Austrália, o empresário dirigiu por 1 hora até o aeroporto internacional mais próximo, em Brisbane. De lá, vai pegar um voo para Sidney. Em seguida, outro para Auckland, na Nova Zelândia. Então, encara a viagem mais longa: serão 14 horas para Santiago, no Chile. Depois, parte para Montevidéu, no Uruguai. Vai pegar o ônibus para Punta del Leste, onde vai encontrar familiares na rodoviária.
Álvaro acompanhou o jogo contra o América-MG, no Castelão, onde o Leão se classificou para a semifinal da Sula. Apesar de saber da dificuldade da partida contra o Corinthians… Deu certo. O Leão avançou para a final inédita.
“Combinei com meu irmão que, caso o Fortaleza fosse para a final, eu iria fazer o possível para assistir esse jogo. A decisão veio organicamente”, revelou.
“A gente espera que o Fortaleza siga tendo ano após ano essas campanhas, mas a gente não sabe quando o time vai chegar numa final de campeonato internacional novamente. Mas a primeira vez é algo inédito, marcante, vai ficar para a história. E vai ser uma história que a gente vai ter para contar para os nossos netos, amigos, uma aventura”, completou.
A previsão é que Álvaro chegue a Punta del Este na noite de sexta-feira. Da saída de casa, em Sunshine Coast até Punta del Este serão 31 horas de viagem e 12.552km percorridos. No domingo, começa a saga da volta para a Austrália.
Mas como explicar tanto esforço para ver o Leão do Pici? A paixão vem da infância, compartilhada pelo pai e pelo irmão. A primeira memória é de um gol de falta de Eliezer, no Castelão. Agora, ele repassa para o filho Teo.
Já ensinei meu filho, de quatro anos, que nasceu na Austrália, a gritar 'É o Laion, não tem jeito; Bora, Leão.' Acompanhar o Fortaleza, mesmo de longe, me traz um pouco de contato com as minhas raízes. O Fortaleza me traz para as minhas origens, para minha lembrança de infância, de adolescência, de jovem adulto indo aos estádios com os amigos. Então, ele me traz para casa”, finalizou.
CARAVANAS TRICOLORES
Outros tricolores estão a caminho de Punta Del Leste. Na última segunda-feira (23), 30 ônibus deixaram a cidade rumo ao Uruguai. São idosos, mulheres, crianças e homens apaixonados pelo Leão, que não hesitaram em atravessar o Brasil para ver o time jogar.
De avião, outros tricolores cruzam o céu do país rumo ao Uruguai. Aos poucos, a torcida transforma a atmosfera da cidade em tricolor. Desde da última quarta-feira (25), já era possível ver torcedores pelas ruas de Punta del Este, que recebe a decisão.
Quando a bola rolar neste sábado (28) diante da LDU, às 17h, o Fortaleza terá o calor da torcida no estádio Domingo Bugueño. De longe, outros vão viver a emoção pelo rádio, pela televisão, pela internet... Mas com o mesmo amor, sentimento que não tem distância.