Olimpíada de Paris em 2024 terá breakdance como modalidade

Além da estreante dança de rua, escalada, skate e surf serão mantidas na próxima edição do evento esportivo

Legenda: Edição parisiense terá 32 modalidades, entre elas o breakdance
Foto: Eitan Abramovich/AFP

A Olimpíada de Paris-2024 incluirá o breakdance como categoria esportiva a pedido da própria anfitriã. O Comitê Olímpico Internacional (COI) permite que cidades-sede dos jogos recomendem modalidades para a edição realizada em casa. O estilo de dança de rua com giro sobre a cabeça e pernas para o alto foi a escolha da Capital francesa.

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Para que o esporte seja incorporado, a Carta Olímpica exige o apoio da maioria dos membros do COI, como ocorreu em Paris. As modalidades candidatas são julgadas a partir de fatores como popularidade, participação internacional e "valor agregado ao movimento olímpico". 

Nos Jogos de Tóquio-2020, que terminaram nesse domingo (8), por exemplo, os japoneses tiveram aval para beisebol, caratê, escalada, skate e surf. Estas duas últimas modalidades renderam ao Brasil duas medalhas de prata para Rayssa Leal e Pedro Barros, no skate, e medalha de ouro no surf para o potiguar Ítalo Ferreira.

Os organizadores franceses resgataram os últimos três esportes e adicionaram o breaking. Incluir esportes que repercutem nas redes e são praticados "todos os dias, nas ruas e em qualquer lugar", era uma meta. Ao todo, a edição  parisiense terá 32 categorias. 

A estreia desse símbolo da cultura urbana, um irmão do movimento musical nascido no gueto americano, é vista como mais um esforço do COI para rejuvenescer a audiência olímpica e engajar novos fãs. 

As primeiras Olimpíadas das quais se tem notícia, em 776 a.C., tiveram um único esporte: uma corrida de 192 metros vencida por um cozinheiro, o grego Coroebus de Élis. Já os primeiros Jogos da modernidade, retomados na grega Atenas em 1896, premiou nove grupos desportivos, do atletismo ao tiro com rifle e pistola.

Repercussão

José Ricardo Freitas Gonçalves, 53, o Rooneyoyo O Guardião, é veterano no circuito. Ele preside a Confederação Brasileira de Breaking, criada dois anos após o COI reconhecer, no fim de 2016, essa dança como esporte. Tóquio não quis incluí-la na programação, Paris já viu vantagem. O status olímpico emplacou manchetes, mas a verdade é que dentro do segmento ele não é unânime, diz ele.

Quando descobriram por meio da mídia, cinco anos atrás, "a possibilidade de virar modalidade", alguns b-boys e b-girls (homens e mulheres praticantes do breaking) encanaram. "Deu um remelexo. Uns contra, outros a favor. Foi bem turbulenta essa época", conta Rooneyoyo. "Ainda tá meio confuso na cabeça deles o que é cultura e o que é esporte, é uma linha bem tênue", diz o dançarino que deu suas primeiras manobras em 1983, na 24 de Maio, rua do centro paulistano onde fazia um curso de datilografia.

Promessa juvenil, Yeshua Rebelo, 14, não vai ter idade para competir em Paris e foca Los Angeles-2028. No entanto, ele gosta da ideia de ser considerado mais do que dançarino. "O breaking tem que virar esporte. Vai ser mais conhecido, os dançarinos vão virar atletas", diz Yeshua, vulgo B-Boy Eagle.


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