Franco relembra primórdios do vôlei de praia na Capital

Legenda: Atleta do Brasil, junto com o parceiro Roberto Lopes, em Atlanta-1996, Franco, aos 49 anos, hoje é gerente de seleções da CBV
Foto: FOTO: CID BARBOSA

Eles eram uma espécie de "Sandy e Júnior" do vôlei de praia. "Muita gente achava que a gente era irmão. Me chamavam de Franco Lopes", conta o eterno parceiro de Roberto Lopes, Franco José Viera Neto, 49 anos, sobre a dupla mais famosa da modalidade no Ceará. Não eram irmãos, mas era como se fossem. Hoje separados, um no Rio, o outro em Fortaleza, há tempos não trabalham juntos, mas a saudade da época em que tudo estava começando é dividida. É o que garante Franco, hoje gerente de seleções e de competições da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), que acompanha o time brasileiro na Rio-2016.

É ele o responsável por facilitar o contato entre atletas e a entidade da qual é funcionário. Assim, frequentemente tem sido visto na Arena montada em Copacabana, incentivando e resolvendo questões que envolvam as duplas nacionais. "Minha função é acompanhá-los nos treinos, nos jogos e congressos técnicos. E agora (durante a competição) é a hora simplesmente de dar aquela força na parte emocional", explica o ex-atleta, pouco tempo depois de cumprimentar as parceiras Larissa e Talita, que haviam acabado de vencer mais uma partida no megaevento carioca. "Hoje, minha função é meio que ser um 'paizão' para eles", diz, se definindo como um alguém mais aberto ao diálogo.

Franco é o intermediário na tentativa de conciliar os interesses dos jogadores e as necessidades de logística da CBV.

'Terrinha'

"Morro de saudade da Terrinha", se derreteu o cearense, há 12 anos longe de casa, morando no Rio, a ser convidado a dar entrevista pela equipe de reportagem do Diário do Nordeste.

O ex-atleta recordou os primórdios da modalidade em Fortaleza junto com Roberto Lopes e os momentos de glória da parceria, no fim dos anos 1980 e início dos 1990, quando juntos pavimentaram o caminho para chegada de ídolos como Shelda, Márcio e Benjamin, além de muitos outros que ainda hoje optam por morar e treinar na Capital, caso da dupla favorita ao ouro na Rio-2016, Larissa e Talita. "O clima favorável o ano inteiro ajuda muito. O custo de vida, que ainda é baixo em relação ao resto do País, também é fator determinante, além do histórico vencedor", argumenta ele.

Veterano de Atlanta-1996, Franco não esconde o sentimento saudosista em relação ao início de tudo. "Lembro demais das 'peladas' na Volta da Jurema. Naquela época as pessoas praticavam mais esporte, pois não tinha tanta tecnologia", opina.

Outro momento que não sai da cabeça do ex-jogador é a primeira vitória de uma dupla brasileira sobre os americanos Sinjin Smith e Randy Stoklos, então "Reis da Praia", no Mundial. "O pessoal do Rio me reconhece, lembra da final de 1993 aqui, com o Galvão Bueno narrando. Muito bom, depois de vinte e tantos anos as pessoas lembrarem daquela época".