Dívidas tributárias e trabalhistas: entenda o que se sabe sobre a crise financeira no Ceará

Clube ainda não se pronunciou oficialmente sobre os casos

Legenda: Fachada de Carlos de Alencar Pinto
Foto: Fausto Filho/Ceará SC

As últimas 24 horas foram de agitação nos bastidores políticos do Ceará. Após surgirem denúncias de processos trabalhistas de ex e atuais jogadores e uma cobrança judicial do Floresta, um grupo de conselheiros do clube denunciou que o Vovô teria uma dívida de R$ 46 milhões na Receita Federal. O Diário do Nordeste teve acesso ao documento e constatou o fato. 

Pelo que se sabe até agora, o Ceará tem dívida de R$ 46 milhões com a Receita Federal e com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). O pagamento dos valores dos impostos, no entanto, estava previsto no orçamento do clube. O Alvinegro tenta reaver benefício que reduziria dívida, que já estava negociada. Além da dívida tributária, o Vovô também está com débitos trabalhistas. Contratado no final de julho do ano passado, o atacante Chrystian Barletta acionou o clube na justiça pelo atraso de verbas salariais, direito de imagem, FGTS e luvas. Os valores em atraso, somados, chegariam perto de R$ 1 milhão. O atacante Zé Roberto, que hoje defende o Sport, reclama na Justiça que tem atrasos desde 2022 em valores de salários, 13°, férias, direitos de imagem e FGTS. A dívida total é de aproximadamente R$ 800 mil. Um outro fato exposto recentemente foi a ação do Floresta contra o clube cobrando o valor de R$ 1.896.551,32, referente ao repasse da venda do zagueiro Marcos Victor ao Bahia. 

Veja também

Dívida tributária

Diante do fato e do silêncio da diretoria do Alvinegro, torcedores começaram a cobrar, nas redes sociais, explicações sobre a crise financeira que o Ceará estaria passando. Procurado pelo Sistema Verdes Mares, o ex-presidente do clube, Robinson Castro, falou sobre as origens dos valores de parte das dívidas do clube e garantiu que os valores irão diminuir.

"O Ceará está fazendo um planejamento tributário, migrando as dívidas tributárias anteriores para um novo programa chamado Transação Tributária, na Fazenda Nacional. Quando você faz isso, você desiste dos parcelamentos antigos, a dívida volta ao valor de base, ela sobe. Então se era 36 ela sobe para 46. E na negociação, ela cai para 23. Ela está no momento da desistência dos parcelamentos anteriores e a adesão à transação tributária que é mais benéfica e mais alongado o prazo (de parcelamentos). Pelo que me foi passado, a dívida na realidade não vai ser mais de 35, vai ser até reduzida. A dívida vai ser de R$ 23 milhões", explicou o ex-presidente.

Segundo Robinson, mesmo diante do exposto sobre os valores, o Ceará é um dos clubes melhores financeiramente. "O Ceará é um clube que tem endividamento muito baixo. Talvez um dos menores endividamentos entre clubes da Série A na época. A dívida tributária do Ceará é uma dívida histórica. Foram feitos vários parcelamentos de dívidas do passado, e algumas dívidas são contraídas durante o período da gestão. Isso acontece naturalmente em qualquer clube. Não é mistério você ver dívida tributária em clube de futebol. Talvez, na maioria dos clubes, as maiores dívidas são tributárias. A nossa é relativamente pequena. É só comparar com os demais clubes de forma geral, compara com os clubes do Nordeste. Talvez seja a menor de todas", explica Robinson.

Veja a entrevista completa com o ex-presidente do Ceará, Robinson de Castro

Dívidas trabalhistas

O Ceará iniciou, nesta segunda-feira (22), o pagamento dos valores devidos ao atacante Chrystian Barletta. O departamento jurídico do clube acredita que a quitação total deverá ser resolvida até o fim do prazo estipulado, que, na interpretação do Vovô, se dá na quinta-feira (25). A defesa do atleta confirmou que uma parte da dívida foi paga, mas alega que o valor é pequeno referente ao todo e afirma que, mesmo que a dívida seja resolvida, a rescisão indireta de contrato deverá ser confirmada pela Justiça.

Conforme a apuração do Diário do Nordeste, o valor total das ações de Zé Roberto e Barletta, em conjunto, chega aos R$ 15 milhões. De acordo com atual diretor jurídico do Ceará, Fred Bandeira, o clube não foi procurado pela defesa de Zé Roberto. Além disso, Fred também afirmou que 'o clube ainda não foi citado na ação movida pelo atacante e só irá se manifestar oficialmente quando receber a citação inicial do processo'. A mesma resposta foi dada para o caso do Floresta.