Bate-Papo com os Craques: a história de vida e carreira do baixinho Igor, da roça à primeira divisão
Hoje treinador do time feminino do tricolor, o ex-atleta revela bastidores, detalhes da lesão e lições de vida
Meia-atacante de velocidade, Igor ganhou projeção no Flamengo e depois vestiu a camisa do Fortaleza, time do coração do baixinho. A carreira consolidada enfrentou dificuldades, principalmente após o famoso lance da lesão com Bechara, onde ficou mais de um ano longe dos gramados. Hoje treinador do time feminino do tricolor, Igor participa do podcast Bate-Papo com os Craques e revela bastidores, detalhes da lesão e lições de vida.
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Igor é oriundo do interior do Ceará, mais precisamente de Sucupira, uma comunidade de Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe. Assim como muitos jovens jogadores nascidos no sertão, a trajetória até alcançar o sonho não foi fácil.
"Meu pai sempre me passou que tudo que a gente fosse fazer na vida, a gente teria que fazer com alegria que o resultado vem. Com a oportunidade da minha tia morar na capital, eu vim com ela trabalhar em um carrinho de lanche. Eu acordava quatro da manhã e voltava quatro da tarde, depois batia minha bolinha e ia para a Escola. Daí, um amigo me viu jogando na rua e me levou ao Ferroviário. Joguei infantil e fui campeão, depois fui para o Corinthians e assim começou a minha trajetória. O meu pai sempre me apoiou para ser jogador profissional", relatou.
Ouça a entrevista completa:
Com o dom de ser um atleta profissional e com o apoio familiar presente, Igor relembra a primeira vez que percebeu que levava jeito para o esporte e que dava para fazer daquilo o seu "ganha pão".
"Eu trabalhava de manhã, jogava à tarde e estudava à noite no Ferroviário. As coisas foram acontecendo aos doze anos no futebol e eu cravei que aquilo ia ser a minha vida. Eu tinha um sonho de dar uma casa para os meus pais e através do futebol eu ajudei meus pais e meus irmãos. Eu sou grato a todos", relembra Igor.
Lance marcante
Igor foi jogador do Flamengo em 2003, passou pelo Coritiba em 2004 e jogou no Fortaleza entre 2005 e 2007. Obteve muitas histórias no mundo do futebol, muitas decepções e alegrias também. Uma das memórias mais marcantes foi o acontecimento trágico com o ex-companheiro Bechara, no tricolor do Pici. Na série A de 2006, no Castelão, durante a vitória por 2 a 1 sobre o São Caetano, ele e o meia Bechara correram para cobrar uma falta. Igor acertou primeiro na bola e, na sequência, Bechara atingiu a perna do baixinho. Um dos lances mais estranhos do futebol brasileiro.
"Geralmente eu batia as faltas mais centrais e ele (Bechara) mais as laterais. Como a falta era frontal e eu tinha feito gol assim contra o Ceará, peguei a bola. Mas ele falou que não me viu. Acho que foi infelicidade mesmo e falta de comunicação" , relembrou Ígor.
Com a história de vida aguerrida, vindo do interior, trabalhando, estudando e jogando bola desde muito cedo, Igor reconhece que tudo isso facilita a ocupação atual. Afinal, ele é treinador do time feminino do Fortaleza, clube do coração, e sabe que as garotas do tricolor de aço também agregam na vivência no mundo do esporte e na vida em sociedade.
"Eu peguei gosto em ser técnico de futebol feminino, eu tenho uma carreira longa no futebol feminino já. Quando o Marcelo Paz me convidou para ser treinador eu aceitei na hora. Toda gestão do Fortaleza me dá uma ótima estrutura de trabalho. Eu aprendo todos os dias com elas e elas comigo. Eu estou muito feliz de trabalhar no Fortaleza. Eu amo o Fortaleza e sou grato demais por ter sido jogador do clube", disse.