O que se sabe até agora sobre o acidente que matou Marília Mendonça

Ainda não há informações precisas sobre a causa, mas dados estão sendo reunidos para a investigação

Legenda: O avião bimotor King Air da Beech Aircraft, fabricado em 1984, decolou de Goiânia (GO) e caiu em uma cachoeira localizada a dois quilômetros da pista onde faria o pouso
Foto: Reprodução

A queda do avião bimotor que levava a jovem cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, na última sexta-feira (5), levanta diversos questionamentos sobre a causa desta tragédia. Todos morreram. No entanto, ainda é precipitado apontar o que provocou o acidente antes de o processo investigativo ser concluído.

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Até o momento, fontes oficiais passaram dados que serão usados durante a apuração. Todavia, informações precisas de como ocorreu o acidente, o que houve antes da queda e por que o avião voava tão baixo ainda serão respondidas. Veja o que se sabe até agora:  

Quando ocorreu o acidente

A aeronave caiu por volta das 15 horas, na sexta-feira (5 de novembro de 2021), na zona rural de Piedade de Caratinga (MG), próximo ao acesso da BR-474. Marília faria um show na cidade vizinha, Caratinga. 

Conforme o Corpo de Bombeiros, os agentes foram acionados por volta das 15h30.  

Qual era o avião e a quem pertencia

O bimotor Beech Aircraft, prefixo PT-ONJ, foi fabricado em 1984 e tinha capacidade para seis passageiros. O avião era de uma empresa chamada PEC Táxi Aéreo.

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Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava em situação regular e tinha permissão para ser utilizado para circulação de táxi aéreo.

Na manhã deste domingo (7), a empresa teve autorização para retirá-lo do local do acidente.  

O que pode ter causado o acidente

Técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável por investigar acidentes e incidentes de aviação, ainda apuram as razões da queda, mas já se sabe que a aeronave colidiu com fios de alta tensão antes de cair.  

Pilotos já haviam alertado sobre o problema

Em setembro e agosto, os órgãos aéreos da região receberem informações de outros pilotos sobre os fios estarem atrapalhando o pouso no aeródromo de Caratinga.

Os relatos são denominados Notificação Aeronáutica (Notam), que apontam dados sobre riscos e alertam outros pilotos que sobrevoam a região sobre perigos para operar na área. 

Avião não tinha caixa-preta

Neste sábado (6), o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que o avião não tinha caixa-preta.

No entanto, foi encontrado um geolocalizador que serviria de referência, junto ao plano de voo, para investigar as causas do acidente.

Pilotos eram experientes

O piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior, que comandava o avião, tinha cerca de 30 anos de experiência como piloto e chegou a fazer carreira na aviação comercial, segundo familiares. 

Ele estava aposentado, mas voltou a atuar na profissão e, mais recentemente, pilotou diversos voos para levar insumos, oxigênio e vacinas até Manaus (AM), uma das cidades mais atingidas pela Covid-19 no País.

O copiloto Tarciso Pessoa Viana, de 37 anos, trabalhava profissionalmente há 12 anos.

Fatores humanos

Conforme relatos, o piloto Medeiros Júnior estava de férias quando precisou atender ao voo da cantora.

Segundo o irmão dele, Antônio Helder, outros dois pilotos da empresa para a qual o irmão trabalhava, a PEC Taxi Aéreo, pediram demissão. "Ele teve que ir fazer esse voo", lamentou.

Empresa proprietária de avião acumulava irregularidades

Apesar de a aeronave que caiu estar regular, a empresa proprietária do avião é alvo de inúmeras denúncias de irregularidade na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

"A empresa [PEC Táxi Aéreo] acumula irregularidades que colocam em risco tripulantes e passageiros", aponta documento do Ministério Público Federal (MPF). As informações são do UOL e da CNN.

Avião estava com problema no para-brisa

Considerado regular pela Anac, o avião apresentava problemas no para-brisa, aponta denúncia apresentada pela Procuradoria da República em Goiás.

"O vidro fica embaçado, com prejuízo visual em pousos e decolagens, fato conhecido pela empresa, porém ignorado", diz o documento. Não há, porém, como afirmar a relação desse fator com o acidente.