Rodrigo Maia deve manter protagonismo diante de reformas na Câmara

O Congresso Nacional retoma as atividades amanhã (3), após o recesso parlamentar. Em seu último ano no comando da Câmara, Rodrigo Maia não antecipa sucessão, mas tende a reafirmar papel articulatório de olho em 2022

Escrito por Redação , politica@svm.com.br
Legenda: Maia não tem declarado apoio a ninguém para a disputa pela presidência da Câmara, embora nomes já se articulem
Foto: Foto: Agência Câmara

Protagonista das últimas reformas econômicas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), volta do recesso parlamentar amanhã com o desafio de continuar dando as cartas na relação entre o Congresso e o Planalto. Em sessão marcada para as 15 horas, será lida a mensagem governamental, com as prioridades do Executivo para 2020. A expectativa é que o texto priorize duas reformas - a tributária e a administrativa -, ambas em discussão na equipe econômica do Governo Bolsonaro, mas o presidente da Câmara terá pela frente outros desafios.

Às vésperas do início do último ano no comando da Casa, ele evita antecipar a sucessão. Não tem declarado apoio a ninguém, o que faz aumentar o número de aliados de olho na disputa pela sua cadeira, marcada para fevereiro do ano que vem. Um movimento calculado. Seu desafio será arrastar a visibilidade até as eleições de 2022. "Só não posso apoiar quem antecipar o processo eleitoral (na Câmara)", disse o deputado.

No comando da Câmara desde 2016 e segundo na linha de sucessão presidencial, Maia não é um campeão de votos e sabe que a liderança na Casa é garantia que tem por pouco tempo. Recentemente, reformulou a imagem nas mídias sociais, mas tem sido triturado virtualmente por uma rede capitaneada pelos membros da família Bolsonaro.

Briga no PSL

O último ano do deputado no comando da Casa será mais curto, o que não significa que ficará livre de turbulências. No segundo semestre, as eleições municipais vão monopolizar as atenções. Ainda assim, há expectativa de crise em torno dos desdobramentos da briga interna no PSL, maior partido da Casa ao lado do PT, com 53 deputados.

A disputa põe de um lado o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, e, de outro, o grupo liderado pelo desafeto da família presidencial, deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, partido que Bolsonaro deixou no ano passado. Em jogo está quem vai mandar na bancada, orientando 53 votos.

Outro foco de tensão que colocará o Parlamento em alerta este ano será o controle do Orçamento. A queda de braço é com o Governo. Enquanto o Congresso quer ter o direito de indicar o destino de R$ 46 bilhões para atender suas bases, o Planalto resiste. O valor foi apresentado pelo relator do Orçamento, Domingos Neto (PSD-CE), aliado de Maia, no fim do ano passado.

Deputados e senadores consideram que garantir o pagamento de todas as emendas parlamentares é a principal tarefa das próximas semanas. Muitos vão disputar vagas de prefeito ou trabalhar para alavancar candidaturas de aliados. "No momento em que começa uma eleição, isso cria um ambiente de tensão que é natural", afirmou Neto.

Relação

O próprio Maia também vai protagonizar embates na retomada dos trabalhos. Na semana passada, ele fez ataques diretos ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao acusá-lo de "brincar" com o futuro das crianças. Maia ficou contrariado com a demissão do advogado Rodrigo Sergio Dias, indicado por ele para o comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em dezembro, no recesso parlamentar.

"Minha opinião pessoal não interfere na minha relação com o Governo", minimizou Maia. Apesar disso, ele prefere restringir sua interlocução no Executivo ao presidente Bolsonaro. "Minha relação é com o presidente da República. A relação está muito boa", garantiu o deputado.

Para manter vivo seu protagonismo, Maia conta com aliados que dependem dele para ter uma ponte com o Planalto, uma vez que rejeitam dialogar com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política.

"A partir do momento que o Governo não tem articulador, Maia continua a ser protagonista", resumiu o líder do Podemos, José Nelto (GO). O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), diz o mesmo: "Maia virou uma liderança e esperamos que ele mantenha esse protagonismo".

Reformas 

Na volta dos trabalhos, a proposta de reforma administrativa deverá propor redução de salários e benefícios de novos servidores públicos. Já a reforma tributária deverá se juntar a duas outras propostas em tramitação no Congresso Nacional.

Outras pautas

Também poderão constar da mensagem do Governo temas como autonomia do Banco Central, que é defendida por Rodrigo Maia, e regulamentação do lobby e o afrouxamento do Estatuto do Desarmamento, pautas entregues pelo ministro da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos.

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