Mark Zuckerberg anuncia fim da checagem de fatos nos Estados Unidos ao mesmo tempo em que tenta reconciliação com Trump

Programa será substituído por notas da comunidade, semelhantes às do X

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Legenda: Fundador e CEO da Meta justifica a decisão argumentando que o programa de verificação de fatos resultou em muitos erros e censura excessiva de conteúdo legítimo
Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

Mark Zuckerberg anunciou, nesta terça-feira (7), que a Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp, encerrará o seu programa de verificação de fatos (fact-checking) nos Estados Unidos.

"Vamos eliminar os fact-checkers (verificadores de conteúdo) para substituí-los por notas da comunidade semelhantes às do X (antigo Twitter), começando nos Estados Unidos", escreveu o fundador e CEO da Meta, nas redes sociais. 

O diretor-executivo afirmou que "os verificadores de fatos têm sido muito parciais politicamente e destruíram mais confiança do que construíram, especialmente nos Estados Unidos". 

Além disso, o executivo bilionário anunciou que o Facebook e o Instagram "simplificariam" suas políticas de conteúdo para se livrar de "muitas restrições sobre tópicos como imigração e gênero que simplesmente não se conectam com o discurso dominante".

O anúncio da Meta vai de acordo com as críticas dos republicanos e do proprietário do X, Elon Musk, sobre os programas de verificação de fatos que muitos conservadores consideram censura.

Nesta terça (7), Musk celebrou a decisão e argumentou que "as eleições recentes (de 5 de novembro) parecem ser um ponto de inflexão cultural para, mais uma vez, priorizar a liberdade de expressão". 

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Proximidade com Trump

A mudança de estratégia acontece no momento em que Zuckerberg tem feito esforços para se reconciliar com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, incluindo uma doação de US$ 1 milhão (R$ 6,1 milhões na cotação atual) para seu fundo de posse. O republicano assumirá o cargo na Casa Branca em 20 de janeiro.

Trump tem sido um crítico severo da Meta e de Zuckerberg nos últimos anos, acusando a empresa de apoiar políticas liberais e de ter uma visão tendenciosa contra os conservadores. 

O republicano foi expulso do Facebook depois que seus partidários invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, em Washington, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória do rival democrata Joe Biden. No entanto, a empresa restabeleceu sua conta no início de 2023.

Zuckerberg também jantou com o futuro presidente na residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, em novembro passado, em outra tentativa de consertar o relacionamento da empresa com o candidato republicano após sua vitória eleitoral.

Outro gesto recente de Zuckerberg para com o governo Trump foi a nomeação, na semana passada, de Joel Kaplan, um membro do partido republicano, para chefiar os assuntos públicos da Meta, substituindo Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro britânico.

"Muito conteúdo inofensivo é censurado, muitas pessoas são injustamente presas na 'cadeia do Facebook'", disse Kaplan em um comunicado, insistindo que a abordagem atual da moderação de conteúdo "foi longe demais". Zuckerberg também nomeou Dana White, diretor do Ultimate Fighting Championship (UFC), um aliado próximo de Trump, para a diretoria da Meta.

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