Refugiados afegãos sofrem com surto de sarna no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo
Surto foi confirmado na última quinta-feira (22)
Um grupo de refugiados afegãos abrigados no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, foi diagnosticado com escabiose, doença conhecida como sarna. O surto foi identificado na última quinta-feira (22).
Segundo médicos da Prefeitura de Guarulhos e profissionais de saúde de ONGs que atendem as famílias abrigadas, responsáveis pelo diagnóstico no local, cerca de 26 pessoas estão com a doença, enquanto 209 pessoas estão vivendo no aeroporto.
A sarna é causada pelo ácaro parasita Sarcoptes scabiei, transmitido pelo contato com uma pessoa ou roupas infectadas. A doença é considerada altamente infecciosa e apresenta lesões da cor da pele ou ligeiramente avermelhadas, segundo informações da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
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Conforme relatos dos profissionais de saúde e dos próprios refugiados, o banho tem se tornado algo escasso entre os que vivem no aeroporto, além do fato de que as roupas de uso diário também não têm recebido limpeza adequada.
Ainda conforme a SBD, a escabiose tem grau elevado de transmissibilidade, atingindo mais fácil quem não troca de roupa com frequência ou não mantém os hábitos básicos de higiene. Entre outros sintomas da doença estão crostas nas dobras, inchaço e escoriações.
Refugiados na cidade
O número de refugiados é, inclusive, maior do que o suportado pela Prefeitura de Guarulhos atualmente. Segundo o órgão, existem 177 vagas para acolhimento de migrantes e refugiados, 127 delas geridas pela municipalidade e outras 50 pelo governo estadual, mas todas estão ocupadas.
Em entrevista à Agência Brasil na terça-feira (27), o prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa, contou sobre a preocupação da prefeitura com o surto de sarna e com a situação precária no aeroporto.
"Estamos colhendo mais informações e apelando ajuda do governo federal principalmente, que é o responsável direto por essa questão. Existe um problema mundial. Foram concedidos mais de 11 mil vistos humanitários e a maioria deles entra por Guarulhos. Mas Guarulhos não consegue dar conta sozinho", afirmou.
Após a confirmação do surto, as organizações Coletivo Frente Afegã, Afghanistan Refugee Rescue Organization e Projeto Abarcar realizaram pedido à administração do aeroporto solicitando a liberação dos banheiros para higienização pessoal dos afegãos.