Oito alunos são expulsos por mensagens xenofóbicas e com referências a Hitler
Em São Paulo, estudantes criaram grupo "Fundação Antipetista" no último domingo (30). Conforme a Lei 7.716/1989, apologia ao nazismo é crime
Oito alunos foram expulsos de um colégio do município de Valinhos, em São Paulo, após enviarem mensagens racistas, machistas e xenofóbicas em um grupo de WhatsApp. De acordo com informações do jornal O Globo, o desligamento oficial aconteceu nesta sexta-feira (4).
No grupo criado no último domingo (30), chamado "Fundação Antipetista", os adolescentes ainda trocaram mensagens com referências ao nazista Adolf Hitler e ao fascista italiano Benito Mussolini. No entanto, a apologia ao nazismo é um crime previsto em lei.
"Quero que esses nordestinos morram de sede", disse um dos membros do grupo, em horário próximo do resultado das Eleições, que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o novo presidente do Brasil.
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Outra mensagem compartilhava figurinhas com suásticas, símbolo do nazismo. "A Fundação dos Pro Reescravização do Nordeste", escreveu outro.
O caso foi apurado internamente pelo Colégio Visconde de Porto Seguro depois que um aluno negro, de 15 anos, denunciou as práticas dos outros estudantes.
"Reforçamos nosso repúdio veemente a toda e qualquer forma de discriminação e preconceito, os quais afetam diretamente nossos valores fundamentais. O Colégio aplicou aos alunos envolvidos as sanções disciplinares cabíveis nos termos do Regimento Escolar, inclusive a penalidade máxima prevista, que implica seu desligamento imediato desta instituição".
Os jovens devem buscar outras instituições de ensino para se matricularem. Os familiares desses alunos buscaram um advogado, que classificou a decisão como precipitada. Para ele, não "houve o direcionamento de ofensa racial a qualquer aluno da escola".
Críticas e protestos
O estudante negro de 15 anos denunciou as mensagens e na última terça-feira (1°), fez uma manifestação na escola, pedindo a expulsão dos outros alunos.
Conforme relatou em entrevista à EPTV, não estava confortável em estudar com pessoas que fazem referências ao nazismo.
“A gente não se sente confortável na mesma escola de racistas, de nazistas. A gente fez esse protesto para exigir que isso aconteça mesmo e para não abafar o caso”.
Já na quinta-feira (3), a Federação Israelita do Estado de São Paulo cobrou uma "atitude enérgica" do colégio contra a denúncia.
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Investigação da polícia
A Polícia Civil de São Paulo está investigando o caso e já confirmou que pelo menos um crime foi cometido. Segundo o diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2, José Henrique Ventura, os responsáveis estão sendo identificados.
"Pode ser até apologia a alguma outra coisa, mas a injúria racial está caracterizada. Esse expediente será encaminhado provavelmente ainda hoje [terça] para o Juizado da Infância e Juventude. Lá o Ministério Público vai se manifestar".
Além disso, Ventura revelou que o juiz da Infância e Juventude deve apontar uma penalidade aplicável para o caso, considerando que são adolescentes.