Unisa deve reintegrar alunos de Medicina expulsos após jogo universitário, decide Justiça

Uma comissão de sindicância interna deverá ser aberta na universidade para definir se mantém as penas ou se as troca por outras penas pedagógicas

Escrito por Redação ,
Estudantes calouros da Faculdade de Medicina da Unisa ficaram com as calças abaixadas e fizeram gestos obscenos em jogo de vôlei feminino em abril deste ano
Legenda: Estudantes calouros da Faculdade de Medicina da Unisa ficaram com as calças abaixadas e fizeram gestos obscenos em jogo de vôlei feminino em abril deste ano
Foto: Reprodução

Os 15 estudantes que haviam sido expulsos da Faculdade de Medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, na semana passada, deverão ser reintegrados. A decisão é da 6ª Vara da Justiça Federal. Eles foram penalizados após terem ficado nus e tocado em suas partes íntimas durante jogo de vôlei feminino em abril deste ano.

Segundo o g1, que ouviu o advogado da faculdade, Marco Aurélio de Carvalho, a decisão judicial, porém, exige que seja estabelecida uma sindicância para apurar o "trote". 

"Essa decisão judicial estabelece a necessidade de se instaurar uma comissão de sindicância que nós, na verdade, já fizemos, para nosso orgulho e tranquilidade. No bojo dessa comissão é que vamos, enfim, eventualmente, manter as penas ou revê-las, com a supervisão, evidentemente, da Justiça Federal", disse o advogado. Dessa forma, enquanto a universidade avalia se mantém a expulsão ou se aplica outras penas pedagógicas, os alunos terão oportunidade de apresentar suas defesas.

"Com o caráter pedagógico, nós mandamos um recado poderoso para a sociedade e para a nossa comunidade acadêmica, de que não aceitamos comportamentos anticivilizatórios, indignos, sobretudo, com uma profissão tão importante como essa, que é a profissão médica. A nossa preocupação é a de garantir uma formação técnica de excelência e, evidentemente, uma formação humanista e isso nós temos feito. Nós temos campanhas, reiteradas campanhas a respeito disso", completou Carvalho.

Além disso, o jurista afirmou que, após o caso, a Unisa começou uma campanha de "tolerância zero contra o trote" e buscou apoio de outras universidades para, juntas, lançarem uma campanha nacional sobre o tema.

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Humilhações

Ao g1, estudantes da Unisa informaram que os atos obscenos cometidos pelos graduandos em medicina durante os jogos universitários de calouros compõem uma lista de "condutas" exigidas por alunos veteranos aos novatos.

Em reportagem do Fantástico, no último domingo (24), os alunos disseram que a "cartilha de obrigações" existe há mais de dez anos e que quem discordar ou desistir das "atividades" é hostilizado. "Falam que nós não vamos ter acesso a oportunidades dentro da faculdade, que não vamos conseguir arrumar emprego depois de formados, pois não vai ter ninguém para indicar, que não vamos conseguir participar dos esportes, pois todo mundo que pratica é o pessoal do trote, que não vamos conseguir construir um currículo bom no geral, que vamos ficar marcados como fracos dentro da universidade", contou uma estudante de medicina à reportagem.

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