Economista americano condena gastos do Brasil com Olimpíadas e Copa do Mundo

Segundo Andrew Zimbalist, excesso de recursos destinados à realização dos eventos esportivos foi um dos responsáveis pelo colapso financeiro do Rio de Janeiro

Escrito por Redação ,
Mesmo passando por uma grave crise financeira, impulsionada principalmente por gastos públicos, o Rio de Janeiro está prestes a sediar os Jogos Olímpicos deste ano, que começam no próximo dia 5 de agosto. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o economista americano Andrew Zimbalist, criticou duramente o excesso de recursos destinados à realização das Olimpíadas no Rio, assim como  os valores gastos na Copa do Mundo de 2014. Para ele, estes são alguns motivos que levaram ao colapso financeiro do Estado.
 
Autor do livro “Circus Maximus”, que discorre exatamente sobre as contas do últimos grandes eventos esportivos, Zimbalist destacou que os Jogos de 2016, em vez de estimular o turismo e deixar o Rio ainda mais conhecido no exterior, acabou arranhando a imagem do Brasil no exterior. 
 
“Acho que o Rio tinha uma imagem muito atrativa e interessante, e essa imagem está manchada e deteriorada. A noção de que a Olimpíada iria promover o turismo e os negócios no Rio e no Brasil é muito mal concebida”, disse o economista americano.
 
Contribuição
 
Conforme Zimbalist, apesar de os grandes eventos esportivos não serem os únicos responsáveis pelo colapso nas finanças do Rio de Janeiro, eles impactaram fortemente na economia local, já que se aliaram ao momento delicado vivido pelo Brasil. “Houve outros fatores importantes, como a redução da arrecadação com o petróleo e a recessão econômica do País. No entanto, os gastos para esses dois eventos deram uma contribuição significativa”, ressaltou. 
 
O economista americano lembrou que o custo para organizar a copa é de cerca de US$ 20 bilhões e para as Olimpíadas outros US$ 20 bilhões
 
Evento para países desenvolvidos
 
Ainda de acordo com Andrew Zimbalist, é “impossível” organizar uma Olimpíada sem comprometer o orçamento público. Para ele, este tipo de evento é mais indicado para países desenvolvidos. “Se você vai organizar os jogos em um Páis como a Inglaterra, muito mais desenvolvido, com uma renda per capita mais alta, é mais fácil gastar determinada quantidade de dinheiro nos Jogos”, afirmou. 
 
“Quando você constrói infraestrutura para uma Copa do Mundo ou para uma Olimpíada, você não o faz pensando no desenvolvimento da cidade. Quando você constrói uma linha de metrô que vai de Ipanema até a Barra da Tijuca, você não está gastando dinheiro da forma mais útil para o desenvolvimento da cidade”, conclui.