Mulher que 'mora' com a mãe no McDonald's não vê situação como problema: 'Resolvendo uma situação'
Bruna Muratori disse que caso ganhou repercussão pelo "preconceito" dos moradores da região
A mulher que "mora" no McDonald's do Leblon, no Rio de Janeiro, disse que o caso repercutiu pelo "preconceito" dos moradores da região. Bruna Muratori, 31 anos, e a mãe Susane Paula Muratori, 64 anos, estão morando no estabelecimento há um mês. Em entrevista ao podcast Fala Guerreiro, disse que o incômodo surgiu porque elas esperavam o estabelecimento abrir para passarem o dia no local.
"Acho que (no nosso caso) chocou a parte que a gente esperava eles (McDonald's) reabrirem. Incomodou de todo mundo ver que pode ser uma decisão de qualquer um, pode acontecer com qualquer um, e pode acontecer com pessoas que nem eles", afirmou.
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Bruna, que já trabalhou em restaurantes, diz ser comum alguns clientes ficarem o dia nos estabelecimentos. "Aconteceu um preconceito. Esses moradores do Leblon talvez às vezes também não tenham o que comer dentro de casa, não pagam condomínio, não pagam isso ou aquilo. E a gente sabe que acontece, só tem o status, a estética. Muitas das vezes, estão se fingindo", disse. Então, incomodou porque chamou atenção até por coisas que talvez eles estão passando e não querem que ninguém enxergue".
Segundo ela, o incômodo parte mais dos moradores, pois os funcionários do próprio McDonald's não se incomodava com a presença delas. Ambas consumiam no local de forma frequente.
"Eles mesmos falavam: 'por que estão se metendo na vida de vocês? Por que eles querem se meter nisso? As pessoas não têm nada a ver com isso, essa é a decisão de vocês, vocês são clientes, vocês consomem, vocês estão se sentindo bem aqui com a gente, vocês se sentem seguras aqui com a gente também'."
Mãe e filha no McDonald's do Leblon
Mãe e filha informaram que nasceram no Rio Grande do Sul e vivem na capital fluminense há 8 anos. Susana relatou ainda que quer encontrar um aluguel no bairro Leblon por R$ 1.200 e relatou estar visitando apartamentos.
Em entrevista ao podcast, Bruna ainda negou que estão há três meses no estabelecimento, como foi inicialmente divulgado. "Não é aquele tempo que falam. É um mês, no máximo. Não, não tem nem como (serem três meses), até porque eu estava trabalhando, estava em outro lugar. Então, assim, impossível", disse.
"Sempre que alguma coisa acontece comigo, penso: 'Tem alguém passando algo mais grave do que eu'. Então, não faço tanto drama da situação como as pessoas em si fazem. Para mim, isso estava normal, essa situação toda. E também não era nenhum pesadelo, porque eu sempre trabalhei. Até então, estava trabalhando. Decidi me afastar do trabalho. E era só uma questão de arrumar uma quitinete ou um apartamento de um quarto. Era uma coisa simples para mim".
A uma assistente social do projeto Segurança Presente, Bruna relatou que seu marido estaria em Paris, na França, e que quando ele retornasse, elas alugariam um apartamento. Bruna já teria atuado como professora de idiomas, atendente de hotel e recepcionista de uma padaria no bairro.
O marido de Susane mora hoje no Reino Unido. O casal é sócio de uma empresa atacadista de produtos químicos e petroquímicos, em Porto Alegre.