Steve Bannon, aliado e ex-estrategista de Trump, se entrega ao FBI nesta segunda (15)
Ele é acusado criminalmente de desobedecer mandado que apura invasão do Capitólio
Steve Bannon, aliado e ex-estrategista do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump se entregou ao FBI nesta segunda-feira (15). Ele é acusado criminalmente de ter desobedecido um mandado emitido pelo comitê legislativo que apura a invasão do Capitólio, o Congresso norte-americano, em 6 de janeiro. As informações são do portal G1.
Na última sexta-feira (12), Bannon foi denunciado duas vezes por desacato: na primeira, ele se recusou a comparecer a depor; na segunda, a fornecer documentos em resposta a uma intimação da comissão. Cada uma das acusações pode ser punida, segundo o portal UOL, com penas de um ano a um mês de prisão, além de multa de até US$ 1 mil.
O ex-estrategista foi detido durante a manhã, por volta das 9h40 locais, ao comparecer a um escritório do FBI em Washington. Agora, ele deve comparecer ao tribunal no fim da tarde desta segunda.
Antes de se entregar, Bannon ainda fez menção a uma suposta derrocada do atual governo estadunidense. "Estamos derrubando o regime de Biden, eu quero que vocês fiquem focados, isso é só ruído".
Providências contra Bannon
Em outubro, a Câmara dos Representantes, majoritariamente democrata, aprovou resolução contra Bannon pedindo providências contra o ex-estrategista de Trump ao Departamento de Justiça. O texto foi aprovado com 229 votos a favor — nove deles de republicanos — e 202 contrários.
A comissão solicitou o depoimento por acreditar que Bannon tivesse "algum conhecimento prévio dos acontecimentos extremos que ocorreram" na invasão ao Capitólio. Na ocasião, Trump incentivou uma insurreição no momento em que os parlamentares se reuniam para ratificar a vitória eleitoral do atual presidente, Joe Biden.
O protesto se transformou rapidamente em uma tentativa de golpe contra o Legislativo americano, e o prédio do Congresso foi invadido. Pelo menos quatro pessoas morreram na ocasião.
Veja também
Na véspera do ataque, Bannon fez declarações consideradas suspeitas em seu podcast. "Será que o caos se vai instalar amanhã? Muitas pessoas me disseram: 'Se houvesse uma revolução, seria em Washington'. Bem, este vai ser o momento de vocês na história", disse ele.
Outras prisões
Essa não é a primeira vez em que Bannon é preso. Ele foi detido em agosto de 2020 sob acusação de desvio de dinheiro de uma campanha em apoio à construção de um muro entre os Estados Unidos e o México. No entanto, ele saiu da prisão após pagar US$ 5 milhões de fiança.
Na ocasião, a campanha "We Built That Wall" ("nós construímos o muro", do inglês) arrecadou US$ 25 milhões, o que equivale a cerca de R$ 142 milhões, doados por milhares de pessoas.
Conforme o o Departamento de Justiça, ao menos US$ 1 milhão teria ido para Bannon, que usou o valor eem outras de suas organizações ou consigo mesmo.
Argumento rejeitado
Para impedir que certos documentos relativos aos acontecimentos fossem revelados, Bannon se amparou em uma ação judicial apresentada por Trump. Assim, ele pediu ao comitê um adiamento de sua ida até que a Justiça decida o que fazer a respeito da ação do ex-presidente. O pedido, porém, foi negado.
Quem é Steve Bannon
Ex-executivo dos setores bancário e de mídia, Bannon já comandou o site de ultradireita Breitbart News. Em 2016, Bannon foi apontado como um dos estrategistas-chave da onda de boatos e mentiras que turbinaram a campanha eleitoral de Donald Trump.
Veja também
O aliado de Trump tem relações com a família Bolsonaro, principalmente com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que costuma fazer elogios a Bannon. O ex-estrategista já realizou consultoria informal ao clã brasileiro, tendo anunciado apoio a Jair Bolsonaro antes do segundo turno das eleições de 2018.