Nova variante Kraken da Covid-19 chega à África do Sul; entenda os riscos

A doença também já foi identificada no Brasil

Escrito por AFP e Diário do Nordeste ,
Vacina
Legenda: A subvariante derivada da Ômicron é a versão mais transmissível da Covid-19 identificada até o momento
Foto: STR / AFP

A nova subvariante da ômicron, XBB.1.5, conhecida como Kraken, que se espalha rapidamente nos Estados Unidos, foi encontrada na África do Sul. No entanto, os cientistas deste país africano não temem que isso leve a uma "grande onda" de infecções.

A doença se espalha rapidamente nos Estados Unidos. No Brasil, já foi identificado o primeiro caso, em São Paulo. 

O principal epidemiologista da África do Sul, Tulio de Oliveira, dise não haver motivos para tensão. "Não acredito que haverá uma grande onda de infecções com muitas hospitalizações na África do Sul devido à forte imunidade da população e às ondas anteriores de variantes da ômicron", afirmou na sexta-feira.

O especialista também é conhecido pela descoberta das variantes beta e ômicron da Covid-19. A XBB.1.5 está presente em cerca de trinta países, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, onde já é a subvariante dominante.

Quais os riscos da nova variante?

Na última quarta-feira (4), a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia feito um alerta sobre o aumento de casos da XBB.1.5 na Europa e nos Estados Unidos e afirmado que a subvariante derivada da Ômicron é a versão mais transmissível da Covid-19 identificada até o momento.

As variantes mudam de nome segundo as alterações adicionais que vão desenvolvendo, como a transmissibilidade, ou mudanças em pontos-chave que fazem com que o vírus escape da resposta imunológica ou do uso de anticorpos no tratamento.

A OMS afirmou por meio do diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que a XBB.1.5 já foi encontrada em mais de 25 países. "A XBB.1.5, uma recombinação das sublinhagens BA.2, está aumentando na Europa e nos Estados Unidos, foi identificada em mais de 25 países e a OMS está monitorando de perto", disse Tedros.

O Brasil, segundo o virologista, ainda tem um número alto de casos para dar brecha para as "evoluções" do vírus. "Quanto mais vacinada a população, quanto mais imunizada naturalmente, você vai fechando o gargalo para o coronavírus até o momento que ele não consegue ter mutações", afirma.

No que diz respeito aos sintomas, não há mudanças significativas com a nova subvariante, segundo o virologista. Ele explica que o vírus se adaptou para ficar no trato respiratório alto, e não no pulmão, que leva à pneumonia, como era o caso da versão anterior à Ômicron.

"O medo é que surja uma nova variante que seja 'muito boa' de transmitir e também desça para o trato respiratório com facilidade. Isso ainda não aconteceu", afirma.

No mês de novembro, o Brasil negociou com a Pfizer 34 milhões de vacinas bivalentes contra Covid-19 que protegem contra a cepa original e contra as variantes BA.1, BA.4 e BA.5. As remessas finais devem chegar até o fim de janeiro.

De acordo com José Eduardo Levi, a atualização das vacinas não acompanha as variações, o que causa um "atraso", mas ainda assim os imunizantes disponíveis conseguem proteger contra as novas versões. "No final, todas elas que têm Ômicron no esqueleto são melhores do que o que a gente tinha", explica. 

Como está a situação da pandemia na África do Sul?

A África do Sul – onde foi detectado o primeiro caso de ômicron no final de 2021 – registou mais de quatro milhões de casos de covid-19 e mais de 102.500 mortes pelo vírus, segundo alguns dados oficiais que tornaram o país africano o mais atingido pela pandemia.

A subvariante XBB.1.5 é "a mais contagiosa já detectada até agora", alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta semana.

Segundo Oliveira, os primeiros casos desta subvariante na África do Sul foram encontrados em exames realizados no final de dezembro. Desde então, não houve registro de "aumento de casos, internações ou óbitos", acrescentou o especialista.