Não vacinados são os principais responsáveis pela quarta onda de Covid-19 na Alemanha

País europeu sofre com escalada de casos e internações diárias

Escrito por Diário do Nordeste e AFP ,
homem em cadeira de rodas se vacinando na alemanha
Legenda: Na Alemanha, a vacinação não é obrigatória. Em torno de 67,4% da população está totalmente vacinada, muito longe da meta de 75%
Foto: Ina FASSBENDER / AFP

Em meio a uma escalada de infecções, a Alemanha vive neste momento a quarta onda da Covid-19 e já apresenta situação complicada em hospitais. Segundo profissionais de saúde e levantamentos feitos no país europeu, isso se deve ao grande número de pessoas ainda não vacinadas. O Hospital Universitário de Giessen, um dos mais importantes do País, atingiu sua capacidade máxima, por exemplo.

Bielorrússia ameaça cortar gás para Europa, e EUA aponta risco de Rússia invadir Ucrânia

Após redução, suprimento foi normalizado após ação de Vladimir Putin

Legenda: Imigrantes tentam entrar em território polonês enquanto sofrem com receios da invasão russa
Foto: Leonid Shcheglov/Belta/AFP

O governo dos Estados Unidos emitiu um alerta à Europa indicando que o aumento de forças militares nas fronteiras da Rússia com a Ucrânia pode sinalizar uma invasão de Moscou ao país vizinho. 

O problema se dá em meio a uma disputa com a União Europeia (UE) que envolve sanções e milhares de refugiados. Na contenda, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, ameaçou cortar o fluxo de gasodutos russos que passam pelo território gerido por ele. Isso poderia deixar milhões de europeus sem gás natural.

"Estamos aquecendo a Europa, por que estão nos ameaçando dizendo que vão fechar a fronteira? E se nós fecharmos o fornecimento de gás para lá [Europa]?", declarou Lukashenko durante uma reunião ministerial. "Eu recomendo aos líderes da Polônia, Lituânia e outras pessoas sem cabeça que pensem antes de falar".

Uma redução no volume de gás que chega à Alemanha por meio do gasoduto Yamal-Europa foi detectada desde a semana passada. O fluxo, porém, foi normalizado após o presidente russo, Vladimir Putin, intervir. A redução no fornecimento à Europa, que passa por alta nos preços da energia ligada ao aumento da demanda, não foi detalhada.

Acusações

A Bielorrússia é acusada de conduzir grupos de imigrantes oriundos da África e do Oriente Médio a áreas de fronteira com a Polônia, forçando-os a tentar passagem ao país vizinho e, consequentemente, entrando na União Europeia. As autoridades polonesas, porém, têm se recusado a receber os imigrantes ou sequer aceitar pedidos de asilo.

Dado o impasse, o clima severo na região e a existência de violência por parte das forças de seguranças dos dois lados, diversas pessoas estão adoecendo. Ao menos dez pessoas, incluindo crianças, morreram em razão dessas circunstâncias.

O representante do governo do Curdistão iraquiano na Rússia, Hoshavi Babakr, tratou do assunto à agência RIA. "Eles estão passando frio na floresta, estamos falando de pessoas morrendo. Se não fizermos nada, pessoas podem morrer", destacou.

Apesar da mobilização de autoridades iraquianas para o retorno dos imigrantes, a maioria se recusa a voltar ao país.

Resposta da Polônia

Em resposta, a Polônia enviou mais de 15 mil militares à área fronteiriça, com o intuito de impedir a passagem dos imigrantes, majoritariamente iraquianos. Após alguns confrontos, o vice-chanceler, Pawel Jablonski, afirmou ao jornal La Stampa que a crise é “a maior ameaça enfrentada pela Polônia nos últimos 30 anos”.

Além da Polônia, a Lituânia e a Ucrânia, que também fazem divisa com a Bielorrússia, reforçaram a segurança em áreas de fronteira.

Crise humanitária

Lideranças europeias acreditam que Lukashenko intenta criar uma crise humanitária nas fronteiras do bloco em retaliação a sanções impostas contra o país. As medidas são relativas a denúncias de violações dos Direitos Humanos. 

Uma das questões diz respeito ao papel do governo na eleição presidencial de 2020 — o presidente foi reeleito para um sexto mandato em uma votação com supostas fraudes.

A repressão de forças de segurança, que prenderam milhares de pessoas e cometeram agressões graves, provocou isolamento da Bielorrússia após diversos pacotes de medidas. Assim, o país passou a contar apenas com o apoio de Moscou e suas linhas de ajuda financeira.

Com a crise migratória, Lukashenko tenta responder a Bruxelas, embora a manobra possa acentuar o isolamento. "Lukashenko está fazendo uma jogada desumana com as pessoas", avaliou Olaf Scholz, ministro das Finanças da Alemanha que deve ser o novo chanceler do país.

A atual chanceler, Angela Merkel, conversou com Putin e acusou Lukashenko de fazer um "ataque híbrido" contra a UE usando pessoas indefesas.

Até o momento, Putin e Lukashenko têm discursos alinhados, criticando as sanções e a forma que a UE tem para impedir a entrada de imigrantes no bloco. O russo afirmou que Bruxelas deve dialogar diretamente com Lukashenko se quiser resolver a crise.

Testes de sistemas de defesa

Os bombardeiros russos Tupolev Tu-22M3 sobrevoaram o território bielorrusso na quarta (10), o que seria oficialmente uma manobra de testagem dos sistemas de defesa aérea do país. Nessa quinta (11), outros dois bombardeiros Tupolev Tu-160 fizeram o mesmo.

O presidente bielorrusso não esconde mais que tais sobrevoos representam um recado à UE, o que indica que Moscou é aliada dele. "Temos que monitorar a situação na fronteira sempre. Que chiem e gritem. Sim, esses bombardeiros são capazes de levar armas nucleares. Mas não temos outras opções. Temos que ver o que estão fazendo além das fronteiras".

Pressão

Além da crise com a Bielorrússia, Merkel pressionou Putin sobre a ampliação da presença militar na fronteira da Rússia com a Ucrânia, o que poderia sinalizar invasão por parte de Moscou.

Uma das queixas da Rússia é o crescente uso de drones do Exército da Ucrânia em ataques contra forças separatistas pró-Moscou no leste do país, em conflito existente desde 2014.

Veja também

Apesar de não reconhecer apoio a milícias, o governo russo rejeita acusações de preparar uma invasão e indica que o uso dos TB2 Bayratkar, fabricados na Turquia, pode “desestabilizar” a situação na linha de frente.

De acordo com integrantes do governo norte-americano, ouvidos pela agência de notícias Bloomberg, os sinais são similares aos vistos antes da anexação da Península da Crimeia, em 2014, o que mostra que a Rússia tem um plano para responder a eventuais "provocações" vindas de Kiev.

Recentemente, Vladimir Putin advertiu que o governo dela poderia perceber um maior engajamento entre Ucrânia e Otan como uma "linha vermelha".

No começo deste ano, as forças russas realizaram movimentação semelhante, o que ocorreu antes de uma reunião entre o presidente russo e o norte-americano, Joe Biden.

Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, pontuou que não se deixaria intimidar pela Rússia. "Espero que agora todo o mundo veja quem quer paz e quem está concentrando 100 mil homens na nossa fronteira. A pressão psicológica da Rússia não nos afeta, nossa inteligência tem toda a informação, e nosso Exército está pronto para agir em qualquer hora e lugar", ressaltou o líder ucraniano.


Conforme a médica Susanne Herold, metade dos pacientes do Giessen estão em respiradores, todos sem tomar nenhuma dose da vacina contra a doença. Os motivos vão desde falta de confiança em imunizantes e no Estado, até a fragilidade de campanhas. As informações são do O Globo.

Na Alemanha, a vacinação não é obrigatória. Em torno de 67,4% da população está totalmente vacinada, muito longe da meta de 75%. 

Nesta sexta-feira (12) o presidente do instituto de saúde Robert Koch, Lothar Wieler, pediu o aumento das restrições. 

Os casos de contágio aumentam de maneira drástica nos últimos dias na Alemanha. Na sexta-feira, o instituto RKI (na sigla em inglês) registrou 48.640 novos casos e 191 mortes em 24 horas. 

Meses difíceis no futuro

"Temos que presumir que a situação vai continuar piorando em toda Alemanha" e que esta evolução "não pode ser contida sem novas medidas", Wieler, em entrevista coletiva em Berlim.

"Semanas e meses difíceis nos esperam (...)", afirmou, manifestando sua preocupação com uma situação já tensa em alguns hospitais, por falta de pessoal médico. 

Wieler pediu que se limite os contatos em locais públicos e fez um apelo aos alemães não vacinados que deem se imunizem. Ele pede que as tradicionais feiras de Natal e a temporada do carnaval sejam cancelados.

Novas medidas

Na mesma entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Jens Spahn, afirmou que um novo confinamento deveria "continuar sendo uma opção, pelo menos no nível regional (...)". 

Na próxima quinta-feira, o governo e as autoridades regionais, responsáveis pela área da saúde, vão-se reunir para definir as medidas a tomar. 

A nova onda da Covid-19 chega em um momento politicamente sensível. O governo em final de mandato da chanceler Angela Merkel está à frente, enquanto se forma uma coalizão de três partidos sob a liderança dos socialdemocratas, vencedores das últimas eleições.

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