Líder da oposição na Venezuela agradece Lula por apontar gravidade em exclusão de candidata

Eleições presidenciais do país estão marcadas para ocorrer em 28 de julho

Escrito por Redação ,
Venezuela
Legenda: María Corina Machado (à esquerda) e a ex-candidata da oposição, Corina Yoris (à direita)
Foto: Federico Parra/AFP

A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter classificado como "grave" a exclusão da candidatura do grupo adversário de Nicolás Maduro para concorrer às eleições presidenciais no país. 

Na Venezuela, a oposição escolheu, por meio de prévias, um nome para enfrentar Maduro na eleição deste ano, prevista para ocorrer em 28 de julho. Ele deve disputar o terceiro mandato. A vencedora das prévias foi Corina Yoris, aliada de María Corina e ex-deputada do país. Ela obteve 93% da preferência oposicionista. 

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No entanto, Corina Yoris foi considerada inelegível pela Justiça venezuelana e não poderá sair como candidata na disputa. As informações são do G1

Para a líder da oposição, "não há razões política nem jurídicas que impedem Corina Yoris de ser candidata". 

Além de Lula, María Corina agradeceu ao presidente da França, Emmanuel Macron, e ao da Colômbia, Gustavo Petro, "por suas posições nas últimas horas em que afirmam que a nossa luta é justa e democrática". 

"Enquanto vemos como a preocupação internacional aumenta, faço um chamado para que os líderes democráticos do mundo se unam aos esforços dos presidentes e governos em exigir que o regime de Nicolás Maduro permita a inscrição de Corina Yoris como candidata nas próximas eleições presidenciais", afirmou María Corina por meio do X (antigo Twitter). 

Entenda o caso 

A Venezuela realiza uma eleição presidencial no país neste ano em meio à desconfiança internacional de que o regime de Nicolás Maduro não assegure votações livres no país. Em outubro do ano passado, o governo Maduro assinou o acordo de Barbados com a oposição, que determinava eleições democráticas no país, com garantias para que os candidatos competissem igualmente. 

Todavia, a inabilitação de Corina Yoris para a disputa levantou suspeição sobre o governo de Maduro e se o acordo de Barbados será cumprido. Ela foi considerada inelegível pela Controladoria Geral da Venezuela sob acusações de corrupção durante seu mandato de deputada, entre 2011 e 2014. Yoris nega, mas a decisão da Controladoria acabou sendo validada pela Justiça da Venezuela em janeiro deste ano. 

Todavia, como as inscrições dos candidatos foram até 25 de março, ela ainda tentava se cadastrar — o que não foi possível. As coligações, porém, podem mudar os candidatos até o dia 20 de abril. 

Com isso, Yoris foi posta fora do páreo. Com a decisão, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro emitiu nota, no dia 26 deste mês, alegando que o impedimento do registro de Yoris como candidata "não é compatível com o acordo de Barbados". O Brasil foi um dos apoiadores do tratado. 

"O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial", acrescentou a nota do ministério. 

No mesmo dia, o governo de Nicolás Maduro reagiu. 

"O Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela repudia a declaração cinzenta e intrometida, redigida por funcionários do Itamaraty, que parece ter sido ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, onde são emitidos comentários carregados de profunda ignorância sobre a realidade política na Venezuela", disse por meio de nota. 

Lula, por sua vez, declarou recentemente que ficou surpreso com a proibição.  

"É grave que a candidata não possa ter sido registrada", afirmou quando questionado sobre o assunto.

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