Israel bombardeia a Faixa de Gaza antes de nova rodada de negociações para uma trégua
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou que o país participará de negociações indiretas com o movimento islamista palestino Hamas para alcançar um cessar-fogo e liberação de reféns
O Exército israelense bombardeou a Faixa de Gaza nesta quarta-feira (14), véspera de uma nova rodada de negociações para uma trégua. A comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos, exige a reunião para dissuadir o Irã de executar um ataque contra Israel.
Tanto o Irã como os seus aliados acusam Israel de ter matado Ismail Haniyeh, líder do movimento islamista palestino Hamas, em 31 de julho, durante uma visita que fez a Teerã para a cerimônia de posse do presidente Masud Pezeshkian.
Israel não comentou o ataque e os seus aliados ocidentais instaram o Irã a moderar as suas ameaças de vingar a morte. O ataque a Haniyeh ocorreu horas depois de um bombardeio israelense em Beirute, que matou um comandante militar do poderoso movimento libanês Hezbollah, apoiado pela República Islâmica.
A escalada das tensões suscitou receios de uma expansão do conflito iniciado há mais de 10 meses na Faixa de Gaza, desencadeado após um ataque no sul de Israel em 7 de outubro.
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Os bombardeios no território palestino governado pelo Hamas cessaram apenas durante uma semana, devido a uma uma trégua no final de novembro. O cessar-fogo permitiu que prisioneiros palestinos fossem trocados por reféns israelenses capturados por comandos islamistas durante a sua incursão em Israel.
Negociações de trégua
As negociações de cessar-fogo devem ser retomadas na quinta-feira. Um representante do Hamas disse que o grupo islamista – considerado uma organização "terrorista" por Estados Unidos, Israel e União Europeia — continua as "suas consultas com mediadores".
"O Hamas quer realmente o fim da guerra e um acordo de cessar-fogo baseado no plano [de Joe Biden]", disse outro dirigente do Hamas, referindo-se à proposta que o presidente americano apresentou em 31 de maio.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, detalhou na terça-feira suas condições para uma trégua, incluindo "um veto a alguns prisioneiros" libertados de suas prisões.
Biden afirmou na terça-feira (13) que uma trégua em Gaza poderia impedir o Irã de atacar Israel.
O seu emissário para o conflito, Amos Hochstein, visitou Beirute nesta quarta-feira (14), onde alertou para a necessidade urgente de se chegar a um cessar-fogo em Gaza.
Na terça-feira, o Irã recusou-se a abandonar as ameaças contra Israel. Teerã "está determinado a defender a sua soberania (...)", declarou Naser Kanani, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano.
Israel participará de reunião para definir trégua
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou, nesta quarta-feira (14), que seu país participará na quinta (15), em Doha, de negociações indiretas com o movimento islamista palestino Hamas para alcançar uma trégua e a libertação dos reféns em Gaza.
"O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovou a partida da delegação israelense para Doha amanhã, assim como o mandado para promover as negociações", informou seu gabinete em um comunicado.
Os chefes dos serviços de inteligência de Israel também vão participar das negociações, informou o gabinete do premiê à AFP.