Escândalo do Facebook: Zuckerberg na mira de britânicos e americanos
Parlamento do Reino Unido e agência ligada à Casa Branca exigem do criador da rede social explicações sobre o caso
Londres/Washington. Autoridades do Reino Unido e dos EUA convocaram, ontem, o fundador e o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, para responder a questões sobre o uso indevido de dados pessoais dos usuários da rede social.
No final de semana, surgiram na imprensa britânica e americana denúncias de violação de privacidade, com acesso ilegal a informações privadas dos usuários e de seus amigos em testes digitais de personalidade.
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Na verdade, eram armadilhas criadas por empresas de marketing eleitoral para capturar as tendências da opinião pública e influenciar principalmente o debate político e votações importantes como o Brexit (saída britânica da União Europeia) e a eleição de Donald Trump em 2016.
No sábado (17), o jornal "The New York Times" revelou que a Cambridge Analytica, que participou da campanha de Trump, obteve dados sigilosos de 50 milhões de usuários do Facebook e usou as informações para ajudar a eleger o presidente americano.
Segundo o jornal, o roubo dos dados foi feito através do aplicativo thisisyourdigitallife, da empresa GSR. A pessoa consentia que o programa tivesse acesso às suas informações no Facebook, como localização e "likes". O aplicativo, porém, não avisava que também captava as informações de todos os amigos, chegando ao total de 50 milhões de pessoas. Esses dados foram vendidos então pela GSR para a Cambridge.
A Comissão Federal de Comércio (FTC), agência ligada ao governo dos EUA, procuradores de Nova York e Massachusetts abriram, ontem, investigações contra o Facebook.
Prostitutas e suborno
Um comitê do Parlamento do Reino Unido pediu para ouvir Zuckerberg. O presidente do Comitê de Mídia do Parlamento, Damian Collins, disse que o órgão já questionou várias vezes o Facebook sobre o uso de dados.
Já o canal britânico Channel 4 mostrou os bastidores da Cambridge Analytica. Na reportagem, os diretores ofereciam a um jornalista que se fez passar por cliente potencial estratégias para desacreditar seus rivais políticos envolvendo-os com prostitutas, ou subornos.
Os diretores explicavam técnicas para manipular a opinião pública, como lançar calúnias contra os candidatos. O presidente da companhia, Alexander Nix, ensinava armadilhas. "Explorar a vida dos candidatos para encontrar casos sujos pode ser interessante", disse Niz ao repórter infiltrado. Outra sugestão dele era "enviar algumas garotas para a casa do candidato".
No Brasil, o publicitário André Torretta disse ontem ter suspenso um projeto de prospectar clientes para as eleições. Ele tinha parceria com a Cambridge.