Entenda as acusações contra Jorge Glas, ex-vice-presidente do Equador, preso na embaixada no México 

Em 2017, Glas foi condenado a seis anos de prisão por esquema de corrupção envolvendo a Odebrecht

Escrito por Redação ,
Glas
Legenda: Ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas.
Foto: Divulgação

No centro político da crise entre o Equador e o México, o ex-vice-presidente do primeiro país, Jorge Glas, estava refugiado na embaixada do segundo desde dezembro, até ser preso por um grupo de policiais equatorianos na sexta-feira (5). Com isso, ele fica "à disposição das autoridades competentes", segundo comunicado do governo do Equador, hoje comandado por Daniel Noboa. As informações são da BBC.

Em 2017, Glas foi condenado a seis anos de prisão por associação ilícita em esquema de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht, no âmbito da operação Lava Jato. Três anos depois, outro revés: a Justiça equatoriana entendeu que ele era culpado de ser instigador de suborno passivo agravado e condenou-lhe a oito anos de prisão.

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Com quatro anos e meio de prisão cumpridos, a defesa do ex-vice-presidente apresentou um recurso de habeas corpus e conseguiu liberdade provisória para ele em novembro de 2022. 

Meses depois, a Justiça o convocou para prestar depoimento em processo referente à arrecadação de fundos públicos para a reconstrução da província de Manabí, após um terremoto em 2016. Glas, então, pediu asilo à embaixada mexicana em dezembro do ano passado por temer "por sua segurança e liberdade pessoal", disse a Secretaria das Relações Exteriores do México.

A localização do ex-gestor se tornou publica horas antes da invasão à embaixada, com anúncio do próprio governo mexicano, presidido por Andrés Manuel López Obrador. "O direito de asilo é sagrado e estamos agindo em plena conformidade com as convenções internacionais", declarou a chanceler Alicia Bárcena no X, o antigo Twitter.

'Perseguição política'

Para o advogado Eduardo Franco Loor, que cuida da defesa de Glas, há uma perseguição política em curso. "Há uma perseguição política desde o ano de 2017, escalada ultimamente pela Procuradora-Geral do Estado, que arbitrariamente pretende processar e deter Jorge Glas, sendo ele uma pessoa inocente", disse à agência Reuters.

Quem também argumentou em favor de Glas foi o ex-presidente Rafael Correa, seu aliado e ex-colega de chapa. Ele também buscou asilo político, mas na Bélgica, onde vive desde 2017. 

Invasão à embaixada

A embaixada mexicana localizada em Quito, no Equador, foi invadida por um grupo de policiais para prender o ex-vice-presidente equatoriano, Jorge Glas. Com isso, o México suspendeu as relações diplomáticas com o país, em movimento inédito.

"Se trata de uma violação flagrante ao direito internacional e à soberania do México", disse o López Obrador.

Já o governo de Daniel Noboa acusou o norte-americano de exceder suas prerrogativas diplomáticas.

O governo brasileiro, por sua vez, posicionou-se com o México e condenou "nos mais firmes termos" a operação equatoriana, que teria aberto um "grave precedente".