'Mounjaro de pobre'? Conheça alimentos naturais que podem controlar fome e ajudar a perder peso
Saiba quais ingredientes auxiliam no processo de emagrecimento e que, inclusive, você pode ter na sua casa em meio aos ingredientes do dia-a-dia

O sobrepeso e a obesidade podem ser prejudiciais e elevar o risco para doenças, como diabetes e tipos de câncer, o que aumenta a procura por alternativas para controlar o peso e o apetite.
O Mounjaro é um exemplo de medicamento que pode auxiliar no tratamento das condições, porém, devido ao preço elevado, muitos buscam por opções acessíveis, conhecidas como "Mounjaro de pobre".
Ao contrário do resultado milagroso prometido por produtos do tipo, a ciência e especialistas reforçam que o emagrecimento é consequência de uma abordagem multifatorial, que envolve agentes como reeducação alimentar, exercícios físicos e sono de qualidade.
Aliadas a isso, há opções naturais que auxiliam a controlar o apetite e a perder peso de forma saudável. Nesta coluna, conheça alimentos que ajudam no processo de emagrecimento e que, inclusive, você pode ter na sua casa em meio aos ingredientes do dia-a-dia.
Como funciona o Mounjaro?
Composto pela tirzepatida, o bula do medicamento afirma que ele apresenta uma ação semelhante ao hormônio GIP (Polipeptídeo Inibitório Gástrico) natural, responsável por regular a glicose.
O fármaco também imita, com menos efetividade, o GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1), que controla o apetite e os níveis de açúcar no organismo.
O que isso significa? Bem, na prática, o Mounjaro funciona retardando o esvaziamento gástrico, enquanto reduz a sensação de fome e acelera a queima de gordura.
Como consequência, o injetável:
- controla a quantidade de açúcar no sangue, em jejum e após refeições, em pacientes adultos com diabetes tipo 2
- além de ajudar a combater a obesidade e o sobrepeso em pessoas com Índice de Massa Corpórea (IMC) maior/igual a 30 kg/m² ou a 27 kg/m² na presença de pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso — por exemplo, hipertensão, colesterol alto, apneia obstrutiva do sono, doença cardiovascular, pré-diabetes ou diabetes tipo 2.
É importante ressaltar que a utilização de Mounjaro deve ser feita somente com acompanhamento especializado de profissionais capacitados, pois pode trazer riscos à saúde do paciente.
Qual o valor do Mounjaro?
Aprovado em 2023 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o medicamento só chegou ao mercado nacional em maio deste ano, custando de R$ 1.562,66 a R$ 4.058,86 a caixa.
O valor do Mounjaro varia dependendo da dosagem, quantidade de canetas aplicadoras e alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em cada Estado, conforme a tabela da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), responsável por regulamentar o preço dos remédios.
O que é 'Mounjaro de pobre'?
Com a popularização de canetas injetáveis, como a base de tirzepatida — cuja caixa custa entre R$ 1.406,75 e R$ 2.384,34 —, cresce o número de anúncios de produtos que prometem ser versões mais baratas e promover a perda de peso.
O movimento parece corresponder ao aumento das buscas na internet por aliados no processo de perda de peso.
O interesse dos internautas por termos como "Mounjaro de pobre" e "Ozempic de pobre" — em referência ao medicamento a base de semaglutida, indicada para tratar diabete tipo 2 — atingiu picos nos últimos meses, conforme o Google Trends, ferramenta que reúne dados dos assuntos pesquisados na plataforma.
Diante desse cenário, surge uma pergunta: realmente é possível que produtos naturais ou receitas caseiras tenham o mesmo efeito que o Mounjaro? A resposta é não.
Esses itens possuem uma ação bem mais branda e lenta quando comparados ao medicamento ou a qualquer outro da classe de agonista do receptor de GLP-1 — como Ozempic, Wegovy, Rybelsus etc.
Esses fármacos reduzem os níveis de glicose no corpo e, assim, controlam o metabolismo em pacientes com diabetes tipo 2. Eles também promovem uma perda de peso média de 2,9 kg, conforme estudo publicado no StatPearls.
"As 'canetas emagrecedoras' atuam diretamente em receptores no intestino e no cérebro, imitando a ação do GLP-1, gerando uma resposta hormonal muito mais intensa e rápida."
No entanto, como destaca a especialista em nutrição, há alimentos que podem auxiliar significativamente no controle do apetite e no emagrecimento. A seguir, conheça cada um deles.
Alimentos que ajudam a perder peso
Embora não sejam alternativas ao Mounjaro e similares, Mirella Sales explica haver alguns produtos naturais capazes de prolongar a saciedade, melhorar a resposta glicêmica e reduzir impulsos alimentares, e que, inclusive, integram o cardápio tradicional do brasileiro. São eles:
- Proteínas magras — liberam hormônios que promovem a saciedade, como PYY e GLP-1, e reduzem o da fome (grelina), ajudando o paciente a comer menos naturalmente. São exemplos delas frango sem pele, ovos e iogurtes light (baixo teor de gordura);
- Fibras solúveis — retardam o esvaziamento gástrico ao formar uma espécie de gel no estômago, prolongando, assim, a sensação de saciedade e equilibrando os níveis de glicose e insulina. Aveia, chia e psyllium são exemplares desse tipo de alimento;
- Leguminosas — por serem ricas em proteínas e fibras, prolongam a saciedade por mais tempo e ajudam a evitar picos de fome e compulsão. São exemplos delas feijão, lentilha e grão-de-bico.
Os itens são facilmente encontrados em mercados e supermercados, ou lojas de produtos naturais, onde são vendidos por preços e em quantidades variados. Além de ajudarem no emagrecimento, a nutricionista destaca que eles trazem outros benefícios à saúde.
"Alimentos proteicos contribuem para a preservação da massa muscular durante o processo de emagrecimento. As fibras solúveis ajudam no controle do colesterol, na saúde intestinal e na prevenção de doenças cardiovasculares, como o diabetes tipo 2. As leguminosas também são aliadas da saúde cardiovascular, do controle glicêmico e da microbiota intestinal."
Receitas e como consumir
Incluir esses alimentos na dieta diária é algo simples. As proteínas magras podem ser inseridas em todas as refeições, como ovos no café da manhã, frango grelhado no almoço e iogurte no lanche da tarde.
A profissional destaca que a recomendação média para adultos é 1,2 g a 2 g por quilo de peso corporal por dia, dependendo do objetivo. Seguindo a proporção, uma pessoa de 50 kg deve consumir de 60 g a 100 g diariamente, por exemplo.
As fibras solúveis, como a chia e o psyllium, podem ser consumidas diluídas em água, nas vitaminas ou adicionadas a frutas, ou a mingaus. A quantidade indicada pela nutricionista é de 1 a 2 colheres de sopa ao dia. As leguminosas devem aparecer pelo menos uma vez por dia.
Veja também
Barra de cereal caseira com aveia
Ao Diário do Nordeste, a nutricionista Emanuela Catunda, coordenadora técnica do Conselho Regional de Nutrição da 11ª Região (CRN-11), já ensinou como fazer uma barra de cereal caseira, receita rica em fibras solúveis e leguminosas, que, como já detalhado nesta coluna, são aliadas da perda de peso. Reveja o passo a passo abaixo.
Ingredientes
- 3 bananas-nanicas
- 1 col. (sopa) de mel
- ½ xíc. (chá) de amêndoas em lascas
- ½ xíc. (chá) de semente de chia
- ½ xíc. (chá) de semente de girassol
- ½ xíc. (chá) de uva-passa
- 1 e ½ xíc. (chá) de aveia em flocos
- 1 col. (chá) de canela em pó
Modo de preparo
- Amasse bem a banana e misture com o mel até obter uma pasta homogênea.
- Acrescente as amêndoas, a chia, as sementes de girassol, a uva-passa, a aveia e a pitada de canela. Mexa bem até que todos os ingredientes estejam incorporados.
- Forre uma forma com papel vegetal e despeje a mistura sobre ela. Com as costas de uma colher, pressione a massa para ficar compacta e nivelada.
- Asse em forno preaquecido a 160 °C por aproximadamente 20 a 25 minutos, ou até dourar.
- Retire do forno e deixe esfriar completamente.
- Após esfriar, desenforme e leve ao freezer por 15 a 20 minutos.
- Por fim, corte a massa em formato de barrinhas e sirva.
Cuidados e contraindicações
De forma geral, esses alimentos são seguros, mas o excesso de fibras pode causar gases, distensão abdominal e até constipação se a hidratação for inadequada, alerta Mirella Sales.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade ideal de água para cada indivíduo é calculada a partir da seguinte proporção: 35 mililitros para cada quilo. Ou seja, uma pessoa que pesa 50 quilos, por exemplo, deve ingerir 1,75 litro diariamente para se manter hidratada.
Pacientes com doenças inflamatórias intestinais, como colite, ou que usam medicamentos que afetam o trânsito intestinal devem ter cautela, especialmente com psyllium ou suplementos. Indivíduos com intolerâncias ou alergias alimentares (como a leguminosas ou proteína do leite) devem introduzir esses alimentos com cuidado, seguindo orientação nutricional individual.
Esses alimentos sozinhos emagrecem?
Não. A nutricionista explica que o emagrecimento é um processo multifatorial e esses alimentos, por si só, não fazem milagre ou nem possuem uma ação semelhante à Tirzepatida, funcionando como um "Mounjaro de pobre".
O processo da perda de peso depende do conjunto: alimentação adequada, sono de qualidade, gerenciamento do estresse e atividade física, por exemplo. [Eles] são definitivamente aliados importantes e potencializam os resultados, mas precisam estar num contexto equilibrado e saudável."
Além da escolha correta dos alimentos, a especialista aponta haver outras ferramentas importantes que ajudam no combater ao sobrepeso e à obesidade. São algumas delas:
- Distribuição adequada das refeições e dos nutrientes ao longo do dia;
- Manter uma boa hidratação e, quando necessário, recorrer a suplementações específicas;
- Planejamento alimentar balanceado e individualizado com suporte nutricional profissional;
"Todas essas ações, juntas, ajudam a modular hormônios da fome e da saciedade, além de reduzirem o risco de recaídas ou compulsões alimentares", conclui Mirella Sales.