Está claro que a volta à normalidade é o desejo de 10 em cada 10 cearenses, principalmente, os gestores públicos; todavia, a situação atual impede descuidos e falta de coerência nas regras anunciadas
O mês natalino de 2021 começou. Para os emotivos, dezembro é o período do ano mais caloroso (literalmente), mais solidário, religioso e festivo. Comumente, espera-se pela mudança, quase sobrenatural, dos ares na cidade, com paisagens coloridas e iluminadas; pois é Natal e o Ano Novo se avizinha. A urbe se abre para a festa!
Porém, com a companhia do Sars-Cov-2 e suas mutações, as tradicionais comemorações e festividades tendem a ser mais tímidas. No caso da grandiosa festa da virada nas áreas da praia em Fortaleza, já sabemos que ela não ocorrerá. Os efeitos desconhecidos da variante Ômicron e a taxa dos não totalmente imunizados assustam os gestores; prudentemente, é melhor não pagar para ver.
Lógico que o cancelamento da grande festa no aterro da orla produz ampla insatisfação dos setores de serviços, especialmente, dos lazeres e do trade turístico. Isto se explica à medida que, desde os governos de Luizianne Lins, Fortaleza se transformou numa das cidades brasileiras inscritas no ranking das mais atrativas aos visitantes neste período do ano.
No restante da alta estação, as expectativas do turismo receptivo são altas. Em outra reportagem do DN já se anunciou a probabilidade de receber até 500 mil visitantes.
Estas notícias não deixam de gerar contradições e debates. Por isso, as interdições a eventos ou a permissão para aglomerações específicas propiciam argumentos para um discurso contrário a qualquer tipo de restrição.
Está claro que a volta à normalidade é o desejo de 10 em cada 10 cearenses, principalmente, os gestores públicos; todavia, a situação atual impede descuidos e falta de coerência nas regras anunciadas.
Se eventos particulares serão permitidos, os critérios devem ser claros e, sobretudo, obedecidos. É extremamente imperiosa a verificação do passe sanitário nas comemorações e, da mesma forma, não deveria ser permitida a chegada de visitantes (na rodoviária ou nos aeroportos) sem a comprovação da vacinação.
Para finalizar, mudo de assunto sem mudar. Dou sugestão ao governo municipal de Fortaleza. As paisagens de dezembro de nossa cidade, além das luzes de natal, estão marcadas pelas placas de súplica nos cruzamentos: “estou com fome! Me ajude”. É muita gente pedindo. É muita miséria. Com o dinheiro do Réveillon, que tal pensarmos um plano emergencial para os homens, mulheres e crianças que estão a suplicar? Se não for o suficiente, busquem outros recursos.
Mesmo sem Covid-19, luzes e festas desta época são eclipsadas pela miséria escancarada. Não é essa a paisagem de dezembro que desejamos.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.