Saúde Mental: um chamado à ação e à reflexão

Escrito por José Pereira de Oliveira ,
José Pereira de Oliveira é diretor clínico e técnico do Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo
Legenda: José Pereira de Oliveira é diretor clínico e técnico do Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo

No contexto atual, a saúde mental se torna um dos maiores desafios da saúde pública. Como médico psiquiatra atuante no Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo, vejo diariamente o impacto significativo que a doença mental exerce na vida das pessoas, especialmente em um cenário de crescente demanda por atendimentos relacionados a tal área médica, a psiquiatria. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada quatro pessoas no mundo será afetada por algum tipo de transtorno mental em algum momento da vida, uma realidade que destaca a urgência de reforçarmos as ações de cuidado à saúde mental.

Nas unidades de saúde, o atendimento a pessoas com doenças psiquiátricas requer uma abordagem do médico psiquiatra e multidisciplinar especializada, que considere não apenas o tratamento imediato, mas também o acompanhamento contínuo. Muitas vezes, o estigma associado aos transtornos mentais impede que os indivíduos busquem ajuda logo nos primeiros sinais da doença, o que pode agravar o quadro e retardar o tratamento adequado, tornando essas doenças mais devastadoras em todos os aspectos da vida da pessoa acometida e também de sua família, dessa forma, contribuindo para perpetuar o círculo vicioso do medo e preconceito a tais patologias cerebrais.

Trabalhar no Hospital Psiquiátrico me permite observar, de perto, o quanto a estrutura de apoio psiquiátrica é essencial para a recuperação e o bem-estar dos pacientes com o objetivo primordial de recuperá-los o mais prontamente possível para suas vidas familiar, social, laboral etc. A saúde mental não pode ser tratada apenas de forma paliativa ou emergencial. Precisamos de mais ações de prevenção e conscientização, como a inclusão de programas de educação em saúde mental nas escolas e campanhas permanentes que incentivem o cuidado emocional desde cedo. Estudos comprovam que a prevenção é um fator chave para reduzir o risco de transtornos psiquiátricos graves ao longo da vida.

Por fim, cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física. Promover a saúde mental é uma responsabilidade coletiva que envolve governos, médicos, demais profissionais de saúde e a sociedade. Precisamos avançar no desenvolvimento de políticas e estratégias que garantam atendimento de saúde integral, humanizado e acessível a todos os brasileiros. Afinal, cuidar da mente é cuidar da vida como um todo. Que continuemos a trabalhar para que ações efetivas e menos preconceito em relação às doenças psiquiátricas sejam promovidas, proporcionando um futuro mais saudável para todos.

José Pereira de Oliveira é diretor clínico e técnico do Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo