Oscar 2021 e as diversidades

Escrito por Lorena Santos , lohsantos02@gmail.com

Devido à pandemia do novo Coronavírus, a cerimônia anual do Oscar precisou elaborar uma série de modificações para tornar a clássica premiação possível de ser realizada em 2021. 

Com o fechamento dos cinemas em vários países e a falta de perspectiva na retomada dessa atividade, que até então, ficava responsável por divulgar as principais obras indicadas na cerimônia, a flexibilização na inscrição das categorias (inclusão de filmes produzidos e exibidos em serviços de streaming, como Netflix e Amazon Prime) foi uma das decisões que mais alterou a condução do evento e que, felizmente, acabou trazendo mais diversidade para a lista de indicados desse ano (direção, roteiro, melhor filme, melhor atriz, melhor ator, etc). 

Pela primeira vez, em 92 edições, o evento será marcado pela pluralidade de indicações anunciando um número mais significativo de diretoras mulheres, atores, atrizes negros(as) e asiáticos(as) concorrendo em categorias de destaque - algo que dificilmente acontecia em edições anteriores e que por isso vinha sendo bastante criticado pelo público e pelos profissionais envolvidos com a sétima arte. 

Apesar da pressão causada especialmente após o movimento “OscarSoWhite” (iniciado nas redes sociais em 2016), que levantou discussões sobre a falta de diversidade da cerimônia, dando luz às contradições em torno das injustiças raciais e de gênero praticadas por Hollywood, algumas mudanças só começaram a serem percebidas com mais pontualidade do ano de 2020 para cá, quando o filme sul-coreano Parasita ganhou parte das categorias mais importantes da premiação, indicando, enfim, a realização de mudanças efetivas no evento. 

Certamente muito ainda precisa ser feito para tornar a arte cinematográfica (bem como a sociedade, de modo geral) mais igualitária para as classes oprimidas histórico/socialmente, mas mudanças como essas, ainda que pequenas, também servem para nos mostrar que ações inclusivas precisam sair do discurso para incorporarem a vida real. Só assim poderemos ter esperança de uma sociedade futura que realmente valorize e reconheça as suas diversidades em todos os âmbitos.

Lorena Santos 
Pesquisadora em sociologia 

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024