Inflação: os pobres pagam a conta
Além da desastrosa gestão da pandemia do coronavírus, o governo de Jair Bolsonaro teima em criar problemas para afligir o país. É o caso da recente inflação que penaliza os brasileiros, produzida por ineficiência de oferta de produtos e falta de estoques reguladores. Escolhas desastrosas elevaram os preços da carne, do arroz, do feijão, da gasolina, do gás de cozinha e outros combustíveis.
Esse jogo em que poucos ganham e a maioria perde é confirmado pela recente prévia da inflação, de 0,48% em fevereiro de 2021. Este é o pior resultado para o mês de fevereiro após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016. Em 12 meses, o IPCA-15 acumulou alta de 4,57%, acima dos 4,30% no período anterior.
Os indicadores revelam a dialética do desastre econômico, que gera inflação, destrói de empregos e aumenta desigualdades sociais, enquanto as ações do agronegócio sobem na Bolsa, surfando no “momento das commodities”, os preços disparam e o auxílio emergencial desaparece.
Além disso, estudos do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) confirmam que a inflação penalizou ainda mais os brasileiros e as brasileiras de menor renda. Entre 2019 e 2020, a inflação dos mais pobres foi de 6,22%, contra 2,74% dos mais ricos. Diante desse quadro, o governo Bolsonaro insiste em procrastinar a retomada do auxílio emergencial e ainda propõe sua redução do valor para míseros R$ 250.
A retomada do auxílio de R$ 600 é urgente! E vale alertar que, em muitos casos, esse valor é insuficiente para garantir as condições mínimas de segurança alimentar das famílias de menor renda. Para balizar essa reflexão o melhor indicador é o da Cesta Básica do Dieese. Em Fortaleza, por exemplo, o preço da Cesta Básica saltou de R$ 403,99 para R$ 532,97 entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, puxado pelo aumento dos gastos com a carne (64,72%), arroz (91,87%) e óleo (127,91%).
Neste sentido, além do imediato retorno dos R$ 600 de auxílio emergencial, deve ser construído um conjunto mais amplo de medidas para evitar o aprofundamento das crises sanitária e econômica, produzidas pela combinação de intencionalidade cruel, incompetência e preguiça mental do governo Bolsonaro.
Luizianne Lins
Deputada federal