Inadimplência em condomínios: desigualdades e soluções
A gestão financeira de condomínios enfrenta um desafio crescente no Brasil: a inadimplência. Dados recentes indicam que a média nacional de inadimplência condominial chega a 10,64%, com índices ainda mais alarmantes acima até de 22,5% em condomínios com moradores das classes C, D e E. Esse cenário reflete as desigualdades econômicas do país e representa um problema complexo, além de uma simples questão de arrecadação, ligado à capacidade de pagamento das famílias, ao custo de vida nas cidades e à vulnerabilidade econômica das classes menos favorecidas.
A inadimplência gera uma série de efeitos que impactam todos os condôminos. Com a arrecadação comprometida, a qualidade dos serviços essenciais como limpeza, segurança e, principalmente, as manutenções preventivas são afetadas diretamente. Além disso, os recursos para melhorias e para a manutenção de um fundo de reserva são limitados ou tem uma arrecadação comprometida, fragilizabdo a sustentabilidade financeira do condomínio. Em condomínios de padrão econômico mais baixo, onde as taxas já são ajustadas ao limite da capacidade econômica dos moradores, a situação é ainda mais delicada. Em tempos de alta inflação e crescimento estagnado da renda, o pagamento das taxas condominiais torna-se uma escolha difícil diante de outras despesas essenciais.
Portanto, a inadimplência condominial vai além da gestão financeira e revela uma questão de responsabilidade social e transparência. Enfrentar essa situação exige um modelo de gestão que, além de eficaz, seja inclusivo e capaz de levar em conta as diferentes realidades econômicas dos moradores. O apoio de empresas e soluções de gestão que garantam o fluxo de receitas e ofereçam uma estrutura de cobrança justa e flexível é essencial para ajudar os condomínios a equilibrar suas finanças sem penalizar os condôminos em situação de vulnerabilidade.
Os desafios são grandes, mas existem caminhos para superá-los. Enfrentar a inadimplência em condomínios demanda uma visão solidária e profissional, com estratégias de cobrança e negociação que preservem a saúde financeira dos condomínios e o bem-estar de todos os moradores. A busca por uma gestão financeira saudável para condomínios é um compromisso com a qualidade de vida, criando ambientes mais sustentáveis e harmoniosos para todos.
Viviane Torquato é CSO da My Blue