Hidrogênio Verde: desafios sociais e ambientais

Escrito por
Adryane Gorayeb, Marcelo Soares e Jeovah Meireles producaodiario@svm.com.br

A produção de Hidrogênio Verde (HV) com placas fotovoltaicas e energia eólica pode se tornar realidade no Ceará, conforme decreto do Diário Oficial/CE de 24 de março. A começar por investimentos significativos em tecnologias, formação universitária e infraestrutura, especialmente no litoral.

A implantação de parques solares e eólicos onshore e offshore demandam vastas áreas continentais e marítimas. O que certamente promoverá divergências e conflitos de uso entre as atividades econômicas tradicionais (soberanias alimentar e territorial) e as espaçosas áreas destinadas ao suporte energético para o HV. 

Estudos do LABOMAR/UFC revelam que as embarcações artesanais representam 80% da frota naval do estado e são responsáveis por 60% da produção pesqueira. Por outro lado, o IBGE nos mostra que a região NE tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano - IDH do país (0,663) e, em 2018, 50,3% dos domicílios do NE não tinham acesso regular aos alimentos.

Em 2020, com a pandemia, esta situação de insegurança alimentar atingiu 71,9% da população, especialmente nas áreas rurais, conforme dados da Rede PENSSAN publicados na semana passada. A transição energética para fontes renováveis não deve vulnerabilizar grupos sociais e ampliar as desigualdades, ao desapropriar territórios e recursos para fortalecer a concentração de riquezas econômicas. 

O Hub do HV deve alcançar caminhos de baixa emissão de carbono que protejam o meio ambiente e valorizem as populações litorâneas, obedecendo princípios de justiça social. O planejamento estatal deve ser capaz de formular soluções e políticas públicas com equidade e democratização dos benefícios, com vistas à redução dos conflitos, a exemplo do Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro, em atualização, e coordenado pela SEMA/CE.

Todavia, deve-se avançar para o Planejamento Espacial Marinho, instrumento público participativo imprescindível que deve preceder a instalação de grandes projetos no mar e tem por premissa coordenar os usos múltiplos e compartilhados do mar, de forma planejada, estabelecendo zonas para atividades de pesca, exploração energética, conservação, turismo, esportes náuticos e lazer. 

Adryane Gorayeb, Marcelo Soares e Jeovah Meireles 
Professores da UFC e integrantes do Observatório da Energia Eólica 

Fernanda Cavalieri
Fernanda Cavalieri
22 de Junho de 2025
Presidente da Adconce
Rudy Fernandes
21 de Junho de 2025
Jornalista. Analista Judiciário. Mestre em Direito Privado
Valdélio Muniz.
20 de Junho de 2025
Professor aposentado da UFC
Gonzaga Mota
20 de Junho de 2025
Luana Régia é deputada estadual do Ceará
Luana Régia
18 de Junho de 2025
Alexandre Rolim é advogado
Alexandre Rolim
18 de Junho de 2025
Lívia Mathiazi é advogada
Lívia Mathiazi
17 de Junho de 2025
Flávio Ibiapina é diretor administrativo-financeiro
Flávio Ibiapina
15 de Junho de 2025