Uma doença silenciosa, mas que quando começa a incomodar causa fortes dores na cavidade externa que reveste o útero da mulher. Estamos falando da endometriose, uma enfermidade que vem crescendo bastante e que precisa ser encarada como um problema de saúde pública. Para termos noção do impacto que essa doença causa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 15% ou sete milhões de brasileiras sofrem com essa patologia, que, entre outras consequências, pode causar infertilidade na mulher, e nos casos mais severos impede uma futura gravidez de forma irreversível.
É preciso uma assistência mais ampla para as mulheres que têm o diagnóstico de endometriose. Esse suporte precisa ser dos municípios, estados e união, que precisam traçar políticas públicas conjuntas e eficazes para garantir um tratamento de qualidade, em tempo hábil e que possa abranger o máximo de pacientes possíveis. Infelizmente, a doença é crônica, ou seja, não existe cura, mas sim tratamento, e é possível conviver com o problema desde que receba um acompanhamento adequado.
A França deu um importante passo para oferecer um atendimento maior a essas mulheres. O presidente Emmanuel Macron anunciou recentemente que o país vai liberar recursos financeiros para investigar essa enfermidade que atinge mais de dois milhões e meio de francesas. Outro ponto importante é dizer que em muitos casos a mulher pode conviver com a endometriose desde jovem, mas os sintomas só vão aparecer alguns anos depois, mas isso claro não é uma regra.
O diagnóstico precoce reduz os danos à saúde feminina. Isso se reflete em uma qualidade de vida melhor que essa mulher vai ter. Esse cuidado precisa ser urgente, pois os casos só aumentam. Temos também um outro problema que é o preconceito, pois existe a falta de conhecimento que trata a endometriose como algo sem importância, mas só quem sente na pele pode explicar o quanto a dor é forte e incomoda. Quantas mulheres são demitidas por não conseguirem trabalhar? Quantas sofrem sem o apoio familiar? Todas essas questões precisam de uma solução, pois estamos falando de um direito básico garantido na constituição: o direito à saúde.
Lilian Serio é médica ginecologista e especialista em medicina reprodutiva