A reforma tributária necessária

Escrito por Wildys de Oliveira , fcowildys@uol.com.br
Wildys de Oliveira é diretor de Assuntos Econômico-Tributários do Sintaf
Legenda: Wildys de Oliveira é diretor de Assuntos Econômico-Tributários do Sintaf

O sistema tributário brasileiro é vetusto. É inibidor de negócios, burocrático, concentrador de renda, enfim, é injusto do ponto de vista da capacidade contributiva. A carga tributária é a maior em 12 anos: 33,9% do PIB, com 2/3 dela incidindo sobre a renda e o consumo, enquanto apenas 1/2 incide sobre a propriedade e o capital, principalmente o financeiro. Demais, de todo tributo arrecadado, 68%, ou R$ 1,3 trilhão, fica concentrado na União.  

No Congresso tramitam duas PECs que alteram nosso sistema tributário: a 45/2019 e a 110/2019. Ambas têm como principal objetivo a simplificação e a racionalização da tributação do consumo de bens, mercadorias e serviços, base tributável hoje compartilhada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Nesse sentido, propõem a extinção de uma série de tributos, consolidando as bases tributáveis em dois novos impostos: um sobre bens e serviços (IBS), nos moldes dos impostos sobre valor agregado cobrados na maioria dos países desenvolvidos; e outro específico sobre alguns bens e serviços (Imposto Seletivo), assemelhado aos excise taxes.  

Na PEC 110, o novo IBS se apresenta como substituto de nove tributos: o IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins, CIDE-Combustíveis, Salário-Educação, ICMS, ISS. Na PEC 45, são substituídos cinco: o IPI, PIS, Cofins, ICMS, ISS. Parece que a proposta com mais “cara” de governo é a PEC 45.  

O secretário especial do Ministério da Fazenda, Bernardo Appy, declarou que o Brasil é 20% mais pobre por essas distorções tributárias. Em Davos, o ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que a reforma será fatiada: primeiro, o governo pretende simplificar o sistema e focar nos tributos sobre o consumo; a previsão é enviá-la ao Congresso ainda no 1º semestre. Segundo: o foco deve ser a renda, deve alterar o seu modelo de exação, torná-lo mais progressista. O atual, decididamente, é regressivo - concentrador da renda.   

Não há como adiar a reforma. Tornaram-se urgentes a necessidade e os motivos para fazê-la: simplificação do sistema, reequilíbrio das contas públicas e, sem sombra de dúvida, a (re)distribuição da carga tributária, de forma mais equitativa, entre os detentores de capacidade contributiva.  

Wildys de Oliveira é diretor de Assuntos Econômico-Tributários do Sintaf 

 

Christine Muniz é presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - Seção Ceará (SBOT-CE)
Christine Muniz
12 de Maio de 2024
Professor aposentado da UFC
Gonzaga Mota
10 de Maio de 2024
Jornalista
Gilson Barbosa
08 de Maio de 2024
Médico especialista em reprodução humana
Marcelo Cavalcante
05 de Maio de 2024