Atentado mata presidente da Chechênia Akhmad Kadyrov

Escrito por Redação ,
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Foto: AFP
Grozni, Chechênia - O presidente da Chechênia, Akhmad Kadyrov, foi morto ontem em atentado no estádio de Grozni, capital da república russa em que movimentos separatistas tentam desde 1991 cortar seus laços com Moscou.

Na sexta-feira, ao tomar posse de seu segundo mandato na Presidência, Vladimir Putin havia felicitado a população da Rússia por “ter detido a agressão terrorista internacional e salvado a nação de uma ameaça real de desintegração”, em alusão ao conflito na Chechênia.

Kadyrov, 52 anos, considerado um fantoche do presidente russo e um traidor pelos separatistas chechenos, participava com alguns de seus principais auxiliares de uma cerimônia para celebrar a vitória contra a Alemanha na Segunda Guerra (1939-45). Às 10h35min (3h35min de Brasília) ouve uma explosão na tribuna de honra, que matou Kadyrov e outras pessoas.

O número de mortos varia entre sete, segundo a mídia russa, e 24, de acordo com o centro médico de emergência de Grozni. Os feridos estariam em torno de 50. Entre os mortos há uma criança de oito anos e um fotógrafo da agência de notícias Reuters.

Segundo a imprensa russa, também morreram no atentado Khusein Isayev, presidente do Conselho de Estado da Chechênia, e Eli Isayev, ministro das Finanças da república. O general Valery Baranov, o militar russo mais graduado em serviço na Chechênia, assistia à cerimônia próximo a Kadyrov e ficou gravemente ferido, tendo perdido uma perna. Sua morte chegou a ser anunciada, mas a informação foi desmentida.

Autoridades chechenas acreditam que o explosivo, possivelmente uma mina terrestre, foi colocado dentro da estrutura de cimento debaixo dos assentos. O estádio passou por uma reforma de três meses que terminou apenas no sábado. Há relatos de que uma segunda bomba foi encontrada e desarmada.

O ataque não foi reivindicado por nenhuma organização. O site na internet de um grupo separatista levantou a possibilidade de o ataque ter sido cometido por uma mulher-bomba. A polícia prendeu cinco suspeitos.

O presidente Putin prometeu vingança e descreveu Kadyrov como uma influência civilizadora que deixou este mundo como um “invicto”. “Não pode haver qualquer dúvida de que a retribuição será inevitável para aqueles que estamos combatendo hoje. Ele foi um verdadeiro herói. Suas ações mostraram que não se pode equiparar todo um povo (os chetchenos) com banditismo e terrorismo”, disse Putin.

Depois de lutar contra os russos na primeira guerra da Chechênia (1994-96), Kadyrov mudou de lado e em 2000 foi indicado por Moscou como o principal administrador civil da república. Em 2003, elegeu-se presidente. O assassinato de Kadyrov é um severo golpe na política russa para a Chechênia. A dificuldade de se encontrar um substituto com a mesma autoridade deve fortalecer o movimento separatista. Instalados em acampamentos nas montanhas do sul e em esconderijos na capital, os rebeldes continuam fazendo frente às forças maiores e mais bem equipadas do Exército russo.