Tiquinho fez o Castelão balançar

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Foto: Kiko Silva
O lance do gol de um dos tetracampeonatos do Ceará ainda vive na sua memória e é repetido automaticamente sempre que alguém indaga sobre o assunto. Algumas datas do passado surgem misturadas na sua fala, mas o herói do tetra, Tiquinho, hoje com 48 anos, segue sua vida com o mesmo amor pelo Ceará. E dedicação também. Ele auxilia o técnico Alexandre no Sub-15 e Sub-16 do Ceará, onde tem espaços para contar suas histórias e entreter a meninada. A filosofia de trabalho de Tiquinho passa pelo “faça o que eu digo, mas não faça o que fiz”, pois ele perdeu tudo que conquistou, deixando-se levar pelo lado ilusório do sucesso e da fama.

Filho do ex-jogador Sabará, que durante muito tempo atuou no futebol carioca, Tiquinho diz que chegou a Carlos de Alencar Pinto, quando estava com 18 anos. “O Ceará tinha perdido dois turnos no ano do tetracampeonato e faltava um. O desespero era muito grande. Franzé Morais, Dr. Eulino Oliveira, Antônio Góes e Dimas foram ao Rio de Janeiro para me pegar emprestado. O Zagallo, então técnico do Botafogo, não queria me liberar. Tiveram que falar com o presidente Charles Borer para conseguir”, lembra Tiquinho.

O ex-jogador recorda que havia para a ponta-esquerda do Botafogo o ídolo Dirceu, que estava servindo a Seleção Brasileira. Com isto, poderia ser aproveitado por Zagallo. “Foi um momento difícil porque eu não queria arriscar vindo para o Ceará. Acabei vindo e contribuindo para o tetracam-peonato e me apaixonando pelo clube”, constatou.

CARREIRA - Caso Tiquinho tivesse se cuidado mais extra-campo, sua carreira teria rendido mais para a sua vida pessoal. Ele foi campeão pela maioria dos clubes por onde passou. Ergeu a taça de campeão do Nacional de Manaus. Na mesma cidade defendeu o rival Rio Negro, esteve no Ríver de Teresina, passou pelo Clube do Remo, onde também conquistou o título do campeonato paraense. Foi convocado até para a Seleção Brasileira de Novos.

CEARÁ MUDOU - Onofre Aluisio Batista, o Tiquinho, fala a respeito dos 90 anos do Vovô, opinando que o clube teve uma metamorfose. “O Ceará mudou e para melhor. O patrimônio cresceu e surgiram as escolinhas. Mas é preciso que surja alguém para olhar para as categorias de base, que são muito carentes”, afirmou.

Através da AGAP, Associação de Garantia ao Atleta Profissional, o ídolo alvinegro concluiu um curso de capacitação que o permite atuar como monitor de escolinhas de futebol. O diploma é reconhecido pelo Conselho Regional de Educação Física e deu ao ex-jogador uma oportunidade de assegurar o seu sustento fora dos gramados.