Final da Copa do Brasil de 1994 está na história do Ceará Sporting Club
7 de agosto de 1994: para o torcedor do Ceará, uma data marcante. A tarde daquele domingo marcou o início de uma das maiores disputas da história do Alvinegro de Porangabuçu: a final da Copa do Brasil de 1994, contra o Grêmio.
Naquele 7 de agosto seria disputada a partida de ida da decisão. O Ceará havia passado por Campinense-PB, na primeira fase, Palmeiras, nas oitavas de final, Internacional, nas quartas de final, e Linhares, nas semifinais.
O time chegou à final, portanto, cercado de grande expectativa, principalmente após as classificações sobre Palmeiras e Internacional. A decisão, contra o Grêmio, era vista pelos torcedores como o último ato de uma sinfonia muito bem afinada dentro de campo.
O maestro era Dimas Filgueiras, eterno soldado alvinegro. Os responsáveis por ditar o ritmo e a melodia dentro das quatro linhas eram Ivanhoé, Vitor Hugo, Airton, Ivanildo, Mastrillo, Elói, Catatau, Gerónimo, Zé Ricardo, Ronaldo e o grande artilheiro Sérgio Alves.
Os documentos oficiais apontam um público pagante de 53.915 torcedores no Castelão. Mas milhares de torcedores entraram sem pagar após a Federação Cearense de Futebol (FCF) e a Polícia Militar (PM) abrirem os portões para ‘evitar uma catástrofe’.
Dentro de campo, naquele jogo de ida, o Ceará conseguiu criar muitas chances claras de balançar as redes adversárias, mas pecou nas finalizações e não conseguiu construir uma vantagem no jogo de ida. Foram inúmeras chances de gol perdidas pelo Vovô.
Para Mastrillo, um dos jogadores do Ceará em campo naquela partida, o time cearense de fato foi superior ao Grêmio ao longo do confronto de ida. Na opinião do ex-jogador, em contato com o Sistema Verdes Mares, o time gaúcho jogou pelo empate.
"Nós fomos melhor que o Grêmio. O Grêmio veio para jogar por um empate", disse o ex-jogador. Ex-volante era um dos pilares daquele elenco alvinegro e ficou marcado pelo seu desempenho e sua entrega dentro de campo.
ESCALAÇÃO DO CEARÁ
Ivanoé, Vitor Hugo, Airton, Ivanildo, Mastrillo, Elói, Catatau, Gerónimo, Zé Ricardo, Ronaldo e Sérgio Alves. Téc.: Dimas Filgueiras.
ESCALAÇÃO DO GRÊMIO
Danrlei, André Vieira, Paulão, Agnaldo, Roger, Pingo, Jamir, Emerson, Carlos Miguel, Fabinho e Nildo. Téc.: Luiz Felipe Scolari (Felipão).
SEGUNDO JOGO POLÊMICO
10 de agosto de 1994: uma data histórica para o Ceará, mas cercada de muita polêmica. Apenas três dias depois do jogo de ida, chegava a hora do confronto decisivo. Agora, não mais no Castelão, mas fora de casa, no Rio Grande do Sul, no estádio Olímpico.
O empate no jogo de ida deixou a situação indefinida. A missão do Ceará era lutar por um resultado positivo mesmo diante de um Olímpico lotado de torcedores gremistas. Os documentos da partida apontam a presença de 49.263 torcedores no estádio.
Com a bola rolando, foram os donos da casa que saíram na frente. Logo aos três minutos do primeiro tempo, o artilheiro do Grêmio, Nildo, balançou as redes. Após cobrança de escanteio, o centroavante cabeceou de forma certeira e abriu o placar para o Imortal.
Após sofrer o gol, o Ceará se lançou ao ataque em busca do empate e do título. Mas foi no segundo tempo que a polêmica começou. Aos 31 minutos da etapa final, Sérgio Alves, do Ceará, foi derrubado na área pelo zagueiro Paulão e pediu pênalti.
O árbitro da partida, Oscar Roberto Godói, não marcou a penalidade, o que gerou revolta entre os jogadores e torcedores do Ceará. Após reclamação de Sérgio Alves, o juiz decidiu expulsar o atacante do Ceará na sequência da partida.
Nos minutos finais, Vitor Hugo, zagueiro do Ceará, também foi expulso após cometer falta sobre Nildo, atacante do Grêmio. Ao todo, foram nove cartões para o Ceará, sendo sete amarelos e dois cartões vermelhos.
O jogo foi encerrado com a vitória do Grêmio por 1 a 0 sobre o Ceará, com o time gaúcho ficando com o título. Apesar da derrota, o vice da Copa do Brasil de 1994 é considerada até hoje a maior conquista do Ceará em âmbito nacional.
Mastrillo lamenta o resultado de derrota para o Ceará, por considerar que o time cearense jogou melhor e mereceu o título. "No jogo final, eu acredito que o Ceará jogou muito mais que o Grêmio", disse em entrevista ao Sistema Verdes Mares.
Mas a principal lembrança do ex-volante é o pênalti não marcado a favor do Ceará. Na opinião de Mastrillo, o árbitro Oscar Roberto Godói cometeu um erro grave, que custou ao Vovô a conquista daquele título.
Eu nunca guardo mágoa no meu coração, porque isso faz mal ao ser humano. Eu fico triste, porque pelas imagens dá para ver que realmente foi pênalti. Ele prejudicou muitos pais de família que lutaram muito para chegar em uma final.
ESCALAÇÃO DO GRÊMIO
Danrlei, Ayupe, Paulão, Agnaldo, Roger, Pingo, Jamir, Emerson, Carlos Miguel, Fabinho e Nildo. Téc.: Luiz Felipe Scolari (Felipão).
Com a segunda colocação naquela que é considerada a segunda principal competição do futebol brasileiro, o Ceará também garantiu uma vaga na Copa Conmebol, torneio internacional que atualmente foi substituído pela Copa Sul-Americana.
“Para mim, esse jogo foi ontem. A primeira lembrança daquela partida com o Grêmio foi o pênalti que eu sofri e não foi marcado pelo Godói. Tudo continua vivo na memória, não tem como ser diferente”, disse Sérgio Alves em entrevista ao Diário do Nordeste em 2009.
A chance de eu fazer o gol naquele lance era de 99%. Eu estava de frente para o goleiro. Lamento não ter tido a chance de finalizar aquela jogada e marcar o gol do título. [...] A torcida do Ceará nos recebeu como campeões. O carinho do torcedor prova que, para eles, os verdadeiros campeões fomos nós. O Ceará é campeão moral daquela Copa do Brasil.