STJD recebe queixa contra o Fortaleza por cantos homofóbicos; Marcelo Paz repudia episódio

Presidente do Tricolor se manifestou em vídeo

Legenda: Cantos homofóbicos ocorreram no jogo entre Fortaleza e Coritiba.
Foto: Kid Júnior/SVM

O Coletivo Canarinhos encaminhou denúncia contra o Fortaleza pelos cânticos homofóbicos registrados em meio a torcida no jogo contra o Coritiba. As equipes se enfrentaram no Estádio Presidente Vargas, no último domingo, em duelo válido pelo Brasileirão. O documento foi enviado para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e para o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). 

No documento, o coletivo informa que “a torcida do Fortaleza proferiu cânticos homofóbicos contra a torcida do Ceará, o registro foi feito por membros do Coletivo Canarinhos LGBTQ+ presente durante o jogo.”

O trecho do documento pede ainda “que medidas cabíveis sejam tomadas conforme prevê também a legislação nacional, buscando identificar e punir os responsáveis pela prática de LGBTfobia narrada nessa denúncia". 

“Pedimos ao procurador ou procuradora que receber este caso, que faça a denúncia de ofício, mas que não deixe a impunidade ser o combustível incentivador de tais atos discriminatórios”, traz outro trecho do documento assinado por Onã Rudá, fundador do grupo e membro do Grupo de Trabalho da CBF que debate lgbtfobia, racismo e violência no futebol.

Os cânticos ocorreram tanto no primeiro quanto no segundo tempo do duelo contra o Coxa. A prática, no entanto, não foi registrada pelo árbitro Matheus Delgado Candançan na súmula. Quando uma situação do tipo vai para a súmula, a CBF e o STJD recebem a denúncia diretamente. 

Como não foi o caso, a Canarinhos entrou como agente nesse sentido. O Coletivo une várias torcidas do segmento em todo o país, com o objetivo de combater a lgbtfobia através de ações, promover a inclusão e a diversidade. O grupo também recebe denúncias sobre esse tipo de crime em estádios e outros ambientes ligados ao futebol.

FORTALEZA SE MANIFESTA

Em vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira (29), Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, se manifestou sobre o tema. O dirigente repudiou a prática. O clube também informou que realiza campanhas de conscientização junto à torcida.

"Nós repudiamos, veementemente, os cânticos homofóbicos feitos por parte de nossa torcida. As relações no Fortaleza sempre foram pautadas por respeito. E a credibilidade que nós conquistamos ajudou a ter esse respeito e a fazer com que o clube cresça cada vez mais. Não temos compromisso com o erro. E nem adianta argumentar que sempre foi assim. Porque se sempre foi assim, sempre foi errado. Então, é hora de mudar", disse Marcelo Paz.

O que diz a Fifa?

Em caso de cânticos homofóbicos ou racismo, a Fifa recomenda que a partida seja paralisada até que as práticas cessem. Em 2022, o Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ registrou 74 casos, e dez clubes foram a julgamento por homofobia no STJD. 

O Artigo 78 do Regulamento Geral de Competições da CBF, que rege também o Campeonato Brasileiro, cita que os clubes - sejam mandantes ou visitantes - são os responsáveis por quaisquer condutas impróprias de seus torcedores no que se refere ao Código Disciplinar da Fifa e do CBJD. Em parágrafo único, o documento diz:

"A conduta imprópria inclui, particularmente, tumulto, desordem, invasão de campo, violência contra pessoas ou objetos, uso de laser ou de artefatos incendiários, lançamento de objetos, exibição de slogans ofensivos ou com conteúdo político, ou a utilização, sob qualquer forma, de palavras, gestos ou músicas ofensivas, incluindo manifestações racistas, xenófobas, sexistas, homofóbicas, transfóbicas ou relativas a qualquer outra forma de discriminação que afronte a dignidade humana."

O Corinthians chegou a ser punido com um jogo de portões fechados após a torcida entoar cânticos do mesmo tipo no duelo contra o São Paulo, no Morumbi, em maio. Recentemente, o Ceará também foi punido pelo mesmo ato durante o jogo contra o Vila Nova, pela Série B. Julgado, o clube pagou uma multa de R$ 40 mil reais.