Cuca anuncia saída do Corinthians após protestos sobre condenação por estupro de adolescente

Profissional passou cerca de sete dias no comando da equipe paulista e enfrentou rejeição da torcida e de membros do clube

Legenda: Ele dirigiu o Alvinegro durante dois confrontos, que resultaram em uma derrota
Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP

O técnico Cuca anunciou a saída do comando do Corinthians, na madrugada desta quinta-feira (27), logo após a vitória do time paulista sobre o Remo, pela Copa do Brasil. O jogo acabou nos pênaltis e provocou a eliminação da equipe paraense da competição.

O profissional foi anunciado como treinador do grupo no último dia 20, ficando no cargo por somente sete dias. Neste período, ele dirigiu o Alvinegro durante dois confrontos, que resultaram em uma derrota para o Goiás, no domingo (23), pelo Brasileirão, e a vitória contra o Leão Azul.

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A condenação por estupro foi o principal motivo por trás da decisão de Cuca. Desde que foi anunciado para o cargo, o nome dele foi recebido com protestos pela torcida e até mesmo pelo time de futebol feminino do Corinthians. Em 1989, quando era jogador do Grêmio, o técnico foi considerado culpado por violentar uma adolescente de 13 anos em Berna, na Suíça, em um episódio que teria acontecido dois anos antes da sentença, em 1987. 

Antes desse sonho se realizar tiveram quatro dias muito ruins para mim, de pesadelo. Foi quase um massacre o que acabou acontecendo. Estava muito concentrado nessa decisão, não queria tirar o foco. [...] Saio nesse momento porque não era como eu queria. Você espera a vida inteira por isso e sai dessa maneira, como um pedido. [...] Quem julga, também pode ser julgado. Mais importante é eu agradecer o presidente [Duílio], que é uma pessoa maravilhosa. Já tinha tomado essa decisão ontem. [...] Se Deus quiser, eu volto um dia para poder fazer um trabalho do começo ao fim", declarou durante a coletiva, conforme o portal Uol

Protestos e rejeição 

As manifestações contrárias à nomeação de Cuca para a vaga começaram no mesmo dia em que ele foi apresentado ao time. Na ocasião, torcedores se reuniram na porta do CT Joaquim Grava e demonstraram desaprovar a escolha da diretoria, liderada pelo presidente Duílio Monteiro Alves. 

Membros do próprio Corinthians, as atletas da equipe feminina emitiram uma nota conjunta condenando o caso. Na ocasião, elas afirmaram que o movimento "'Respeita As Minas' não é uma frase qualquer", mas não mencionaram o nome de Cuca. O ex-diretor do time e pai de Duílio, Adilson Monteiro Alves, endossou o protesto. 

Cuca diz ser inocente

Durante a coletiva de imprensa em que foi apresentado como novo treinador, o profissional se defendeu e disse ser "totalmente inocente" do crime. Ele detalhou ter uma "vaga lembrança" do episódio ocorrido em 1987 e revelou ter arrependimento por falar pouco do assunto, mas prometeu "passar por cima" dos protestos contra a sua contratação e manifestou o desejo de abraçar causas sociais em benefício das mulheres contra violência sexual.

Entenda o caso

Em 1989, Cuca, então meio-campista do Grêmio, foi detido com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, sob a acusação de "manter atos sexuais" com uma menina de 13 anos, em 1987.

Os jogadores permaneceram em cárcere por 30 dias. Fernando foi o primeiro a ser liberado, já que a sua participação no ato não foi comprovada. Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Em matéria publicada à época pelo Estadão, o treinador disse que o episódio o fez adquirir "experiência".

Em depoimentos à época, a vítima narrou ter sido segurada à força pelos quatro jogadores.

O processo segue sob sigilo protegido pela lei de proteção de dados da Suíça. Cuca nega ter cometido abuso ou violência contra a menina e alega que não teve a oportunidade de se defender. O julgamento foi feito à revelia, já que todos voltaram ao Brasil.