Bate-Papo com os Craques: Bechara faz balanço da carreira e relembra momentos marcantes
O ex-meia construiu sua carreira logo aos 22 anos de idade sendo capitão e tricampeão estadual pelo Ceará. Além de construir outros capítulos marcantes com Fortaleza, tirando da longa fila de sete anos sem títulos
A década de 90 formou o volante moderno do futebol atual e um excelente cobrador de falta de características raras no cenário 'físico' de evolução do esporte. Natural de Maranguape, Bechara demonstrou muita personalidade já aos 22 anos, quando foi tricampeão estadual pelo Ceará, como capitão da equipe. Mas construiu um laço maior pelo Fortaleza, com título histórico no início de 2000, chegou em alto nível na Série A em 2006, ano em que ficou marcado, também, pelo lance acidental em cobrança de falta com ex-jogador Igor.
Bechara iniciou a carreira no Fortaleza e rapidamente recebeu proposta para fazer testes no São Paulo em 1993, aos 16 anos. Foi aprovado, mas estava vinculado ao tricolor cearense que não o liberou.
"Cara, o Fortaleza não me liberou. Foi uma grande frustração, pensar que era a chance da minha vida no São Paulo, na época, campeão do mundo. Então retornei e não fiquei no clube. Depois tentei voltar ao São Paulo, não deu certo e fiquei fazendo o que sobrou, futebol de salão e futebol, que a gente chamava, de poeira, no terrão jogando pela seleção de Maranguape nos intermunicipais." Explicou.
Aos dezoito anos, com idade de juvenil, foi observado e contratado por Emanuel Gurgel, na época, presidente do Ceará, onde iniciou a sua trajetória profissional.
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"Apareceu um anjo chamado Emanuel Gurgel que me levou para o Ceará. Foi um agradecimento enorme, saber que em um ano e meio tudo mudou. Jogando intermunicipal em Santa Quitéria, saindo correndo para não apanhar na cidade e depois jogando no Estádio Presidente Vargas pelo Ceará. Garoto, tímido, treinando e aprendendo muito com Jaime, Victor Hugo, o goleiro Jefferson, onde me ajudou aperfeiçoar as cobranças de falta. Em 98 foi o grande momento, tinha só eu e o Jaime de titulares, como capitão e sendo campeão pelo alvinegro diante de um Ferroviário fortíssimo, foi um sonho." Relembrou Bechara.
Campeão em Sobral
Com destaque alcançado no Ceará, Bechara foi contratado pelo Santos. Mas retorna ao nosso futebol no início dos anos 2000 para jogar no Fortaleza, após ser recusado pelo alvinegro. Mas foi no tricolor e o título em Sobral que engatou a grande trajetória pelo clube, principalmente após sete anos sem conquistar absolutamente nada dentro de campo.
"Aquele time de 2000 foi o início da base em 2002. Jorge Mota e Silvio Carlos me trouxeram, mesmo com toda dificuldade financeira e o Ceará vivia momento inverso, com muito dinheiro. O elenco era curtinho, mas tivemos uma união de grupo muito forte e o choque que tive foi no título de turno diante do Itapipoca, onde caiu alambrado, o jogo terminou antes dos acréscimos finais e foi uma loucura. Torcedor abraçando a gente, tava engasgado." Revelou
Mas foi em Sobral, com gol de Daniel Frasson, o último ato de emoção, onde o Fortaleza tira penta do Ceará e volta a ser campeão após sete anos.
"O Ceará tinha um timaço. Éramos o azarão, mas jogamos com coração e tínhamos vantagem de jogar pelo empate, onde foi o diferencial. Fizemos um péssimo primeiro tempo, os caras amassaram a gente, era pressão no ataque, bola passava e o Maizena olhava pra mim desesperado. No intervalo o Ferdinando deu um esporro na gente e voltamos mais ligados. E o gol foi um acaso. O Carlinhos dá um bicão pra frente, o Vinícius sai da área para cruzar e eu chego para cabecear do lado direito, onde não sou bom, cabeceio no pé do Eron, chuta, Jefferson defende e sobra no pé do Frasson. Tudo ao contrário! Era pra ser, não vi o gol no jogo, só ouvi o grito do torcedor." Relata.
Contusão com Igor
Outro momento marcante da carreira do Bechara foi a cobrança de falta mal ensaiada, onde o meia atingiu a perna do ex-atacante Igor, em jogo da Série A diante do São Caetano, lesão séria que afastou companheiro dos gramados.
"Foi uma repercussão mundial. Um acidente de trabalho bem doloroso, hoje eu e Igor somos grandes amigos. Sofri demais por ele, prejudicou a carreira dele. Foi ruim como pessoa e atleta, tirar a possibilidade do companheiro em exercer sua profissão por um bom tempo, tirando da sua função. Foi um momento muito doloroso, mas hoje já está tudo bem. Explicou Bechara.