Liberação vale a partir de hoje em calçadões, praias, praças e parques. Esportistas festejaram, mas Governo alerta para que não haja aglomeração. Ontem, cenário já era de desobediência, com prática até de esportes coletivos
Começa a valer hoje o avanço de Fortaleza para a fase 3 do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas do Estado. Entre as medidas anunciadas pelo governador Camilo Santana (PT), no último sábado (4), está a liberação para a prática individual de atividades físicas em espaços públicos, como praias e calçadões. Decisão que influenciará diretamente na rotina da cidade e terá muitos impactos na vida de diversas pessoas.
Agora, está autorizada a prática esportiva em praias, parques, calçadões, praças e demais espaços públicos, sem aglomeração, o que possibilita uma retomada de algumas práticas que vários atletas, amadores e profissionais, não puderam exercer no período de quarentena, como caminhada, corrida e ciclismo em locais, como os calçadões da Beira-Mar e da Praia de Iracema, além do conjunto Vila do Mar, pontos habituais da realização de atividades físicas por um grande número de pessoas.
A decisão foi comemorada pelo engenheiro civil Mário Moreno, praticante de corrida, que agora tenta retomar a rotina de forma gradativa. Mesmo assim, mostra consciência de que será preciso realizar adequações para o "novo normal". "A corrida, pra mim, é uma terapia. Tem uma grande importância física e também psicológica. É positiva essa abertura. Mas, mesmo assim, as pessoas devem ter consciência que o vírus continua circulando e cada um deve cumprir com seu papel. Principalmente evitando aglomeração e usando máscara, mesmo que durante a atividade", alerta.
A decisão também foi celebrada pelo Conselho Regional de Educação Física do Ceará (CREF). Entretanto, a entidade esperava que pudesse haver mais atividades esportivas liberadas.
"Foi mais um pequeno avanço, e a gente fica feliz por isso. A gente comemora, mas lamenta por outro lado por não termos sido contemplados com o pedido em relação às academias de cross training, em espaços abertos. Foi nossa reivindicação, como também abertura de 50% das academias (de musculação). Mas vamos aguardar para o dia 20 de julho, em que todos estarão preparados para que a gente possa voltar ao normal, com condições de higiene, protocolos e todos os cuidados", diz João Henrique Monteiro, presidente do CREF.
O presidente da Federação de Atletismo, Jerry Welton, afirmou que é mais um passo para prática das as atividades esportivas. "Só em aumentar as possibilidades dos espaços abertos também é positivo. Se o Governo está possibilitando uma evolução do espaço público autorizando, é porque ele tem plena consciência de que é possível, é o momento para se fazer. Acho positivo. É o atleta tomar os devidos cuidados", disse ele.
Em seguida, Jerry chamou a atenção para um tema específico: a limitação do raio de 2 km para o espaço do atleta.
"Do ponto de vista do treinamento em espaços abertos, já que o Governo vem fazendo as liberações de acordo com as orientações das juntas médicas, protocolos, do combate à pandemia, um dos questionamentos que eu fiz na 2ª etapa foi a limitação dos 2 km, o porquê de apenas liberar apenas neste raio, pois com esta limitação, possivelmente haveria uma aglomeração maior. Se aumentar este raio, no caso das corridas, pela amplitude dos espaços acho mais viável".
De acordo com o último decreto, o uso de máscara durante as atividades continua obrigatório, porém, a restrição quanto ao raio de 2 km não foi esclarecida no anúncio.
Para o presidente da Federação Cearense de Ciclismo, Eduardo Lopes, para a modalidade, a expansão de espaços não é relevante, já que as vias públicas foram liberadas na fase 2 do decreto.
"Para o ciclismo, não é o modo ideal, pois a prática é melhor em grupo. Algumas assessorias esportivas já estão nas ruas e aglomerados. Eu estou pedalando, três vezes na semana, com, no máximo, uma pessoa, mantendo uma distância segura. A recomendação é 20 metros. E ninguém pedala em grupo com distância de 20 metros. A gente consegue manter 5m, 8m".
Aglomeração
A palavra acima foi citada pelos entrevistados como um ponto de atenção. E é também uma preocupação do Governo do Estado, que liberou a prática esportiva em locais públicos com a ressalva de que as pessoas não podem se aglomerar.
O secretário executivo de planejamento e orçamento do Estado e coordenador do plano de retomada, Flávio Ataliba, afirmou que mesmo com a ampliação dos espaços de atividades físicas, a fiscalização continuará sendo realizada.
"A fiscalização nas praças, calçadões, calçadas, praias para os atletas será da mesma forma que já vem ocorrendo, através da Polícia Militar, agentes sanitários, fiscais da Prefeitura. Mas há de convir que é difícil um contingente de fiscais, por maior que ele seja, estar em todas as praças ou calçadões a todo momento para verificar se as pessoas estão se comportando da forma adequada ou não. Os praticantes deveriam ter a consciência cidadã de zelar por si e do próximo", diz ele.
Ontem, um dia antes da validade do atual decreto, as pessoas já ocupavam os espaços para a prática esportiva. E causavam aglomeração. Na Praia de Iracema, o cenário se mostrou pior devido ao fato de que quem praticava atividade física dividia espaço com quem foi à praia tomar sol e banho de mar. Até mesmo a prática de esportes coletivos, como o futebol, foi vista.
Para Flávio, o mais importante não é a fiscalização, e sim, a conscientização de quem pratica atividades físicas.
"A nossa sociedade não deveria precisar de fiscal. O Governo está colocando nos decretos, normas, é pela proteção das pessoas, proteger a pessoa também. Em alguns lugares vemos pessoas sem máscaras, aglomeradas. Elas, por si próprias, não deveriam estar aglomeradas com outras pessoas, correndo com outras pessoas".