Léo Simão, de 29 anos, é um dos grandes personagens de uma novela que se arrasta no futebol nacional. Árbitro da Federação Cearense de Futebol (FCF) desde 2010 e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) desde 2014, Léo apitou Aparecidense/GO x Ponte Preta, pela Copa do Brasil, no dia 12 de fevereiro. O jogo foi anulado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em 22 de fevereiro, quando houve o julgamento do pedido de impugnação da partida por interferência externa.
O confronto foi em Aparecida de Goiânia/GO e os mandantes venciam por 1 a 0 até os 44 minutos do 2º tempo, quando Hugo Cabral fez o gol de empate, inicialmente validado. O assistente Samuel Oliveira sinalizou que o gol havia sido legal. Gol que daria a classificação ao time paulista.
Após muita reclamação do time da Aparecidense, o jogo demorou a ser reiniciado. Nesse momento, Samuel consultou Adalberto Grecco, delegado da partida, que lhe passou informação de que o lance estaria ilegal. Isso gerou revolta dos jogadores da Ponte. O transtorno foi ainda maior. A bola voltou a rolar após 14 minutos de bate-boca e o árbitro Léo Simão anulou o gol.
Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, Léo contou que saiu chateado do episódio, principalmente por conta do ruído de comunicação entre a sua equipe. "A responsabilidade do árbitro é maior, mas preciso da minha equipe. Quando ele (Samuel) me passa a dúvida, e eu tinha minha certeza (sobre o lance), não poderia ser injusto e confirmar um gol do qual ele me passa a convicção que o goleiro havia feito a defesa", disse.
Cearense de Fortaleza, Léo Simão vinha se destacando no cenário local. "Quando fiz o curso de arbitragem eu já sabia o que queria. Tenho pretensões de chegar ao escudo Fifa. Minha vida é a arbitragem. Meu comprometimento é muito grande. Mas não depende só de mim", concluiu.
Ainda sobre o assunto, o cearense refletiu: "O erro de Samuel é um erro de iniciante, e não de um experiente como ele é. Ele consertou a tempo, não foi injusto". Simão recebeu apoio da comissão local e nacional e espera voltar a apitar em breve, já que segue afastado por conta dos julgamentos. "Tenho seis anos na CBF e não tenho reclamações. Não tenho dúvida da minha capacidade, eu me comprometo, tenho certeza que vou dar a volta por cima".
A equipe de arbitragem ainda espera em quais artigos será denunciada para apresentar a defesa, mas ainda não há previsão de datas.
No último dia 27, a decisão pela anulação da partida entre Aparecidense e Ponte Preta foi mantida no STJD. A liminar do clube goiano que tinha em pauta a não anulação do jogo não foi aceita. A Aparecidense ainda deve recorrer, o que pode adiar ainda mais a realização de uma segunda partida ou a decisão final.