Dança fortalece autoestima e empodera mulheres

No Dia Internacional da Dança, Sisi traz o relato de mulheres que fazem da dança instrumento de autoconhecimento.

Escrito por Denise Marçal , denise.marcal@svm.com.br
Legenda: Para além do valor artístico-cultural, a dança representa uma poderosa ferramenta de autoconhecimento feminino.
Foto: Divulgação

Uma das manifestações artísticas mais antigas da humanidade, a dança está presente em todas as culturas, conectando as gerações atuais aos ancestrais. Para além da importância cultural, esta arte representa uma poderosa ferramenta de autoconhecimento e autoestima, trazendo inúmeros benefícios para mulheres de todas as idades. A Sisi conversou com profissionais e praticantes para saber como a dança pode ajudar mulheres a desenvolverem autoaceitação.
 
“Antes da dança, eu queria ser perfeita, ter o corpo perfeito para usar determinadas roupas, mas isso mudou completamente”. O relato é da assistente social Márcia Arão, 40 anos, que vê claramente duas versões de si mesma: antes e depois de começar a dançar. “A Márcia depois da dança é leve, é livre e mais generosa consigo mesma.

A dança me trouxe leveza para encarar a mim mesma, abandonar a rigidez que eu tinha com minhas vulnerabilidades e me possibilitou a liberdade de expressar quem sou”, afirma.

Legenda: Márcia Arão: a dança trouxe leveza e generosidade consigo mesma.
Foto: Denise Marçal/Divulgação

Esse novo olhar sobre si começou a se transformar há 7 anos, quando ela iniciou as aulas de dança de salão até chegar à dança do ventre, prática que mantém hoje por meio de aulas on-line. “As mudanças que a dança trouxe para a minha vida não aconteceram instantaneamente, mas foram e são processuais, pois ainda estou nessa caminhada. A cada dia que danço encontro, vestígios da Márcia perfeccionista e lhe dou a chance de relaxar e de viver com intensidade aquele momento. Ao finalizar a dança, todas as vezes, eu me deparo com uma Márcia mais apaixonada por si mesma, é mágico”, reflete.
 
O relato da Márcia ilustra o efeito terapêutico que a dança proporciona à autoestima das praticantes. Para Carolina Dutra, terapeuta cognitivo comportamental, a atividade permite um autoconhecimento que potencializa a autoestima. “Quando você começa a dançar, entra em contato com o que gosta, com o que é que é importante para si. E isso proporciona, com certeza, um processo de autoconhecimento que é muito poderoso”, afirma a psicóloga.

Outro benefício da atividade, pontua a profissional, é o empoderamento do próprio corpo. “Muitas mulheres ainda têm dificuldade de conhecer o seu corpo, principalmente quando é ditado que um corpo bonito é de tal forma. Na dança, ver o seu corpo em movimento é muito prazeroso. Faz com que se eleve a autoestima”, pontua Carolina Dutra, que fala não só como psicóloga, mas também como praticante. “Comecei a fazer aulas de dança depois dos 30 anos e foi um divisor de águas na minha vida, porque estava vivendo um período muito difícil. Com a dança, pude empoderar mais meu corpo, mudar conceitos e crenças que eu tinha sobre mim e sobre os outros”, entrega. 

Legenda: Carolina Dutra: a dança como autoconhecimento e empoderamento do corpo.
Foto: Divulgação

Todo corpo dança

 
E para quem ainda acha que dançar é privilégio de alguns que fazem aulas ou que parecem ter nascido com o dom, a professora de dança do ventre Rafaela Félix (@lalinhafelix) faz questão de salientar: “todo corpo dança”. Partindo da ideia de que dança é movimento do corpo, Rafaela Félix defende que não importa a idade ou biotipo. “Dançar não é privilégio de quem tem facilidade em aprender os movimentos específicos de uma dança, nem de quem busca se profissionalizar na área. Dançar é para quem deseja qualidade de vida".

Nessa perspectiva, a professora explica que a atividade ajuda a aliviar tensões e a preparar o corpo para a prática de ações do cotidiano que muitas vezes podem ser difíceis de serem realizadas, como caminhar, sentar e agachar. Ela destaca ainda que dançar pode transformar a forma como as mulheres se relacionam consigo mesmas, porque desenvolvem mais conexão e consciência corporal.

“Começamos a entender como é o movimento do nosso corpo, como funciona cada parte, como é a estrutura e passamos a perceber nossa imagem a partir de nós mesmas e não do que delimitam os padrões. Isso tudo vai fazendo com que entremos num processo de amorosidade com o nosso próprio corpo”, argumenta Rafaela Félix.

Legenda: Rafaela Félix: dança proporciona consciência e conexão com as potências do corpo.
Foto: Divulgação

Pelo olhar da dança do ventre, Rafaela Félix explica que a modalidade aproxima de forma intensa o contato da mulher com as potências do próprio corpo. “A dança do ventre nos faz entrar em contato intenso não só com as potências do nosso corpo, mas também com as curvas que são próprias do nosso Corpo-Mulher.

É uma dança que nos faz sentir mais bonitas, apaixonadas pela nossa autoimagem, contribuindo com a percepção de que somos únicas e de que não temos a necessidade de viver odiando nossos corpos, desejando ter outros e nos comparando sempre”, destaca.

Chair dance e pole dance: conexão com a sensualidade
 

Legenda: c: chair dance inspira o olhar à própria sexualidade.
Foto: Divulgação

Entrar em contato com a própria sensualidade e sentir-se à vontade com isso é um dos poderes que a dança proporciona a muitas mulheres. A bailarina Sher Oliveira (@sher_oliveira), professora, coreógrafa e personal sexy dance explica o porquê. "Os movimentos sensuais despertam em quem dança sensações de bem estar muito prazerosas". 

Usando uma cadeira como parte da coreografia, o chair dance atrai pelo poder de sedução, mas pode ir além, de acordo com a professora.

“Essa dança é uma busca com seu eu interior, com sua sexualidade, seu bem estar, equilíbrio de mente, corpo e espírito. É uma modalidade que faz você voltar o olhar para si mesma e isso ajuda muito a se conectar com a própria sexualidade. Essa conexão deixa você mais confiante”, afirma. 

 
Outro estilo que também pode aproximar a mulher à sua natureza sensual é o pole dance, modalidade que une dança e ginástica, com movimentos em volta de uma barra. “O pole dance faz a reconexão da mulher (e/ou homem) com sua essência primordial, a fêmea sensual e forte”, defende Goretti Regis (@gorettiregis), bailarina e professora.

Legenda: Goretti Regis: Movimentos do pole dance desenvolvem força e autoconfiança.
Foto: Divulgação

Para Goretti, a dança aumenta a confiança e a valorização de si mesma. Isso é percebido  nas aulas, em que as alunas vão saindo do lugar de timidez e insegurança para uma postura mais dona de si. Além do empoderamento, ela observa a mudança do olhar para com outras mulheres.

“Nas aulas, as alunas não estão competindo umas com as outras, mas superando bloqueios e crenças limitantes delas mesmas. É um diálogo interno rico e transformador”, diz.

 
O resgate da autoestima é um movimento que muitas mulheres precisam realizar para evoluir na sua jornada. A experiência de muitas delas mostra que é nos passos da dança, seja qual for a modalidade escolhida, que se encontra a energia necessária para essa transformação. 

 

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