Brasil fecha mês de março com 201 mortes pelo novo coronavírus

Em um único dia, Ministério da Saúde registra 42 óbitos, novo recorde. Força Nacional é convocada para ajudar no combate à pandemia. Ministro da Saúde volta a defender medidas de distanciamento social para conter as infecções

Escrito por Redação ,

Pela segunda vez consecutiva, o Brasil teve o dia mais letal do novo coronavírus, fechando o mês de março com pessimismo sobre a escalada da pandemia. O número de mortes pela Covid-19 subiu para 201, nesta terça-feira, segundo dados do Ministério da Saúde. Para comparação, até segunda-feira havia 159 mortes registradas. O registro de 42 mortes em apenas um dia é o maior até agora.

Diante da previsão de que o País deve atingir o pico de casos em abril, equipes da Força Nacional de Segurança Pública vão participar das ações de prevenção e combate à pandemia. A autorização do Ministério da Justiça e Segurança Pública para que parte do efetivo da tropa seja empregada no apoio às ações do Ministério da Saúde foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União de ontem.

A Portaria nº 151 estabelece que a Força Nacional poderá ajudar os profissionais da área de saúde para que possam atender, com segurança, as pessoas com suspeita de estarem infectadas pela Covid-19.

Os agentes também poderão reforçar, nos estados e no Distrito Federal, as medidas policiais de segurança, que garantam o funcionamento dos centros de saúde (hospitais, UPAs etc), a distribuição e o armazenamento de insumos médicos e farmacêuticos e de gêneros alimentícios e de produtos de higiene.

"Em caráter episódico", a Força Nacional também poderá ser utilizada para auxiliar no controle sanitário em portos, aeroportos, rodovias e centros urbanos; para evitar saques e vandalismos e protegendo os locais onde estejam sendo realizados testes rápidos para a detecção da doença, bem como na aplicação das medidas coercivas previstas em lei.

As ações deverão ser sempre planejadas juntamente com o Ministério da Saúde e coordenadas com as autoridades responsáveis dos governos estaduais e do Distrito Federal. Caberá à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, definir o total de agentes a ser empregado nessas ações.

Inicialmente, a medida vai vigorar por 60 dias - ou seja, até o dia 28 de maio-, mas poderá ser prorrogada, de acordo com a necessidade.

Sudeste

Ao todo, o Brasil soma 5.717 casos confirmados da doença. O número representa um salto de 25% com relação ao dia anterior, quando eram contabilizados 4.579 casos. No entanto, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse, ontem, que há subnotificação no País e que o número real de casos é maior.

O Estado de São Paulo tem o maior número de casos confirmados de Covid-19, com 2.239 registros. Na sequência aparecem Rio de Janeiro (708), Ceará (390) e Distrito Federal (332). A região Sudeste, portanto, concentra 60% dos casos. O Nordeste tem 15%, o Sul, 12%, o Centro-oeste, 8%, e o Norte, 5% dos casos.

Segundo o balanço, 18 estados apresentaram registros de mortes. O maior número ocorre em São Paulo, com 136 já confirmadas, seguido do Rio de Janeiro, com 23.

São Paulo

O ministro da Saúde voltou, nesta terça-feira, a defender o isolamento social, tema que contraria o presidente Jair Bolsonaro. Para Mandetta, medidas de distanciamento já ajudaram a evitar um aumento ainda maior.

Ele chamou ainda a atenção para o fato de que 79 das 136 mortes em São Paulo ocorreram no mesmo hospital, o Santa Maggiore, voltado ao atendimento de idosos. "É um ponto fora da curva".

Segundo ele, a situação ocorrida no hospital ajuda a explicar o número de mortes em São Paulo, sobretudo entre idosos. "O que você não quer: aglomeração de idosos, todos doentes e imunodeprimidos", comentou o ministro sobre a situação do hospital.

De acordo com o ministro, a Secretaria de Saúde estuda a possibilidade de uma intervenção. Ele evitou, porém, comentar medidas específicas.

Voltou a fazer um apelo para que medidas de restrição adotadas pelos estados sejam seguidas. "Mantenham, porque estamos nos preparando, e a luta é grande", disse.

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