Três pessoas sofreram ataques de tubarão em menos de um mês no litoral pernambucano. Biólogos apontam que a combinação do relevo e a construção de um grande complexo portuário fizeram da costa pernambucana uma área de risco para banhistas. As informações são de O Globo.
Conforme pesquisas do biólogo André Sucena Afonso, a construção do Porto de Suape, nos anos de 1980, é um dos principais fatores que pode explicar os ataques. À época, foi necessário a criação de barragem de rios e a redução de estuários, um ambiente aquático de transição entre um rio e o mar, os quais são bastante frequentados pelo tubarão-cabeça-chata para reprodução e caça.
Além das interferências das construções, é um hábito dos tubarões de seguirem navios, ou seja, a área onde os ataques ocorreram é conhecido por atrair os animais até lá. Isso porque as embarcações vão em direção ao Porto de Suape, e logo ao sul, já está a cidade do Recife.
O que atrai os animais até a praia é matéria orgânica presente no oceano, o fluxo estuarino e a pluma de água doce. É neste momento que o relevo das praias da região atua, apontam pesquisadores.
Segundo noticiado pelo G1, o biólogo Leandro Alberto explicou que a praia tem uma profundidade de mais ou menos dois a três metros, e logo após essa faixa há um canal com a profundidade de 5,5 metros a 6,5 metros, fazendo com que os tubarões possam entrar nessa área e se alimentar. Esse canal paralelo à faixa de areia condiciona o tubarão a nadar junto às praias, evitando o seu afastamento em direção ao mar alto.
— Quando a população utiliza para banho, acontece o descarte de lixo, acontece o descarte de matéria orgânica, de latinhas de alumínio, fazendo com que esses animais tenham essa percepção e, como qualquer animal curioso, vá para o banco de areia — explicou Alberto, ao G1.
ATAQUES DE TUBARÃO
Uma jovem foi atacada por um tubarão e teve parte do braço esquerdo amputado nesta segunda-feira (6) na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, enquanto tomava banho de mar. A vítima foi identificada como Kaylane Timóteo Freitas.
Incidente ocorreu um dia após um adolescente de 14 anos ser mordido na mesma praia e ter tido a perna amputada. O jovem chegou a ser internado em estado crítico na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após passar por procedimento, mas foi transferido para a enfermaria da unidade de saúde.
Os dois casos ocorreram 15 dias após um surfista também ter sido atacado por tubarão, em Olinda, Pernambuco. O homem sofreu uma lesão profunda. A vítima teve ferimentos na coxa e na panturrilha esquerda. André Luiz estava em uma área onde é proibida a prática de surf desde 1999.