STJ decide soltar suspeito de incendiar estátua de Borba Gato em São Paulo
Paulo Roberto da Silva Lima está preso desde 28 de julho. Estátua não ficou comprometida
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, revogou, nesta quinta-feira (5), a prisão temporária do entregador Paulo Roberto da Silva Lima, Paulo Galo, de 32 anos. Ele é um dos três suspeitos de atear fogo à estátua do bandeirante paulista Borba Gato, na Zona Sul de São Paulo. As informações são do portal G1.
Paulo está preso desde o dia 28 de julho, após se apresentar de modo espontâneo à delegacia e admitir participação no ato contra o monumento, ocorrido em 24 de julho. O protesto, filmado e divulgado nas redes sociais, foi motivado para abrir o debate sobre a existência da estátua.
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"Para aqueles que dizem que a gente precisa ir por meios democráticos, o objetivo do ato foi abrir o debate. Agora, as pessoas decidem se elas querem uma estátua de 13 metros de altura de um genocida e abusador de mulheres", escreveu Paulo, antes da prisão, em uma rede social.
Bandeirantes como Borba Gato exploraram territórios no interior do País, tendo capturado e escravizado indígenas e negros. Historiadores apontam que bandeirantes estupraram e traficaram mulheres indígenas e mataram representantes dos povos tradicionais em confrontos que dizimaram etnias.
A estrutura da estátua de Borba Gato foi atingida pelo fogo, porém não ficou comprometida, de acordo com análise preliminar da Defesa Civil. O fogo foi apagado pelos Bombeiros, e ninguém ficou ferido no ato.
No dia 26 de julho, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), lamentou o episódio e afirmou que um empresário se dispôs a realizar doação para restaurar a estrutura.
Prisão política
A defesa de Paulo considera que a prisão dele se deu por motivos políticos, sendo "fundada na criminalização de movimentos sociais". Os advogados dele recorreram ao STJ após negativa de pedido de liberdade pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
No pedido de habeas corpus enviado ao STJ, os advogados destacam que o ativista não tem antecedentes criminais, não praticou ações violentas e ainda colaborou com as investigações.
No momento, Paulo segue detido na carceragem do 2º Distrito Policial (DP), no Bom Retiro, Centro da cidade paulistana. A expectativa é de que ele seja solto ainda nesta quinta. O 11º DP, de Santo Amaro, investiga o caso.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) não confirmou se o inquérito da Polícia Civil foi concluído e se a prisão preventiva dos três suspeitos foi requerida. Os três foram indiciados pelos crimes de incêndio da estátua, dano, associação criminosa e adulteração de veículo.
Trio de suspeitos
André Lozano, advogado da defesa de Paulo, também defende Danilo Silva de Oliveira, o Biu, de 36 anos, outro suspeito de ter incendiado a estátua.
Danilo chegou a se apresentar com Paulo à Polícia, mas negou ter ateado fogo ao monumento. Ele, porém, admitiu descarregar os pneus queimados em volta da estátua posteriormente. A investigação, ao analisar as imagens, identificou a placa do caminhão usado para levar os itens, o qual tinha a placa adulterada.
Além deles, o motorista Thiago Vieira Zem, 35, foi indiciado pela Polícia. Zem chegou a ficar preso, mas foi solto provisoriamente no mesmo dia.
A esposa de Paulo, a costureira Géssica Silva Barbosa, 29, chegou a ser presa temporariamente, mas foi solta a pedido da Polícia Civil. Em depoimento, ela afirmou só ter conhecimento do ato após o marido chegar a casa.