Renato Kalil é denunciado pelo Ministério Público por lesão corporal no parto de Shantal Verdelho
A denúncia também incluía violência psicológica. Promotores de influenciadora pedem indenização de R$ 100 mil por danos morais
O médico obstetra Renato Kalil foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por lesão corporal leve e violência psicológica durante o parto da influenciadora Shantal Verdelho.Conforme o g1, a denúncia ocorreu nesta terça-feira (25), resgatando o caso de setembro de 2021.
Anteriormente, Renato já tinha sido acusado por Shantal e Mateus Verdelho de violência obstétrica por ter usado métodos recusados pela então gestante, durante o parto da segunda filha, Domênica, e ainda a xingar em áudios vazados.
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A denúncia foi oferecida pela Promotoria de Violência Doméstica do Foro Central de São Paulo. O setor foi responsável por acompanhar o caso desde a abertura do inquérito policial.
Além disso, segundo o g1, instaurou Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para ouvir outras vítimas do médico, como Tati Bernardi e Samantha Pearson.
A denúncia foi assinada pelas promotoras de justiça Fabiana Dal’Mas e Silvia Chackian. Segundo Fabiana, a "denúncia representa a convicção da promotoria que há indícios de autoria e materialidade de um crime com violência obstétrica".
"Houve não apenas abuso na parte psicológica à vítima, como também uma má prática obstétrica na realização de manobras durante o parto, como a de Kristeller, uma forma inadequada de aceleração do procedimento que não é recomendada pela OMS".
Violência obstétrica
Durante uma entrevista ao Fantástico, veiculada no dia 9 de janeiro deste ano, a influenciadora digital contou que o profissional insistiu "várias vezes" em rasgá-la com as próprias mãos para acelerar o nascimento de Domenica, sua filha com o modelo Mateus Verdelho.
Um vídeo vazado nas redes socias mostra o momento em que o médico sugere uma episiotomia, que é um procedimento na região entre a vagina e o ânus (períneo), para facilitar a passagem do bebê. No entanto, Shantal diz que o médico executa a manobra com as mãos.
"Não tinha a menor necessidade de ele tentar me rasgar com as mãos e isso é feito várias vezes. Ele basicamente faz o parto inteiro fazendo esse movimento com a minha vagina, tentando abrir ela. Já que ele não teve o corte, ele tenta com as mãos".
Shantal detalha que teve a barriga pressionada durante todo o parto e o médico chegou a pedir a ajuda de um anestesista "mais forte" para fazer a manobra de Kristeller.
Esta prática de pressão no fundo uterino, no entanto, "não é mais recomendada" pelo Ministério da Saúde desde os anos 2000, segundo Agnaldo Lopes, presidente Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
No dia 14 de dezembro de 2021, ela pediu a instauração de um inquérito e já prestou depoimento à Polícia Civil. Na época, o Ministério Público disse que iria avaliar as provas para eventual oferecimento de denúncia contra Kalil.
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Médico nega acusações
Em nota escrita pelo advogado, Renato Kalil lamenta profundamente que um caso médico seja discutido por meio da mídia e das redes sociais, com base em pequenos trechos editados de um vídeo.
O texto pondera que em razão de normas éticas e sigilo profissional, o médico não pode se manifestar publicamente, mas que isso será feito em "foro adequado".
Contudo, Kalil afirma ainda que não praticou violência obstétrica e que a edição dos vídeos e das falas induzem ao erro de interpretação.
Diz que se coloca à disposição do Conselho Regional de Medicina de São Paulo para comprovar sua ética e retidão profissional, e está à disposição das autoridades para colaborar com todas as investigações para demonstrar sua inocência.