Ex-funcionária denuncia abusos do médico Renato Kalil, acusado de violência obstétrica por Shantal
"Para mim ele é um doente", classificou a mulher sobre a conduta do obstetra
Acusado de cometer violência obstétrica contra Shantal Verdelho e abusar sexualmente de pacientes, o médico Renato Kalil também pode ter violentado uma ex-funcionária na casa dele. Em entrevista ao Fantástico, a mulher relatou que o ex-patrão fazia ela tocá-lo e até mesmo teve relações sexuais com ele.
"Foi a coisa mais difícil da minha vida. Para mim ele é um doente", disse a antiga empregada do obstetra ao programa da TV Globo.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) solicitou, na última terça-feira (14), uma investigação contra o profissional e as denúncias estão sendo apuradas pela Promotoria de Violência Doméstica, que instaurou procedimento investigatório criminal.
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) ainda abriu um processo interno de apuração das denúncias de Shantal Verdelho. O Hospital São Luiz, local onde aconteceu o parto, também apura a denúncia de violência obstétrica.
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Abusos sexuais
Na semana passada, duas mulheres relataram ao jornal O Globo terem sido vítimas do médico, que teria abusado sexualmente de uma delas e assediado a outra na década de 1990.
A bancária Letícia Domingues relatou à publicação que foi violentada mais de uma vez pelo profissional na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1991. Ela relatou que foi estuprada por Kalil após ser internada para realizar um procedimento ginecológico, quando foi atendida com febre alta e cólica.
A bancária contou que foi abusada por três dias em um quarto onde estava internada sozinha. Ao jornal, ela disse que tinha medo de contar aos pais o que ocorria.
Ainda conforme ela, o médico foi um dos médicos responsáveis pela alta dela e recomentou aos pais uma nova consulta. No novo encontro, ela teria sido novamente violentada sexualmente pelo profissional.
Já a outra vítima, que não quis ser identificada, disse que Kalil exibiu o pênis para ela após um parto traumático, em 1993, quando ele era plantonista do Hospital São Luiz, também em São Paulo.
Ao jornal carioca, o obstetra negou as novas acusações e declarou, via nota, que "considera absurdas e fantasiosas as histórias e estranha que sejam veiculadas agora, 30 anos depois".
Segundo as mulheres ouvidas pelo O Globo, elas sempre tiveram medo de expor as supostas atitudes de Kalil, mas, após ouvirem o relato de Shantal Verdelho, resolveram denunciá-lo.
Violência obstétrica
Áudios da influencer Shantal Verdelho vazaram na internet, junto com vídeos do parto da segunda filha dela com o marido Mateus Verdelho, onde ela relata as violências que sofreu por parte do médico durante o processo de nascimento de Domenica. O material repercutiu nas redes sociais.
Na última segunda-feira (12), o obstetra afirmou, em outro comunicado, que "o parto da Sra. Shantal aconteceu sem qualquer intercorrência e foi elogiado por ela em suas redes sociais durante trinta dias. Surpreendentemente, o dr. Renato Kalil começou a receber, nos últimos dias, ataques com base em um vídeo editado, com conteúdo retirado de contexto”.
A nota em nome do médico acrescenta que “A íntegra do vídeo (do parto) mostra que não há nenhuma irregularidade ou postura inapropriada durante o procedimento. Ataques à sua reputação serão objeto de providências jurídicas, com a análise do vídeo na íntegra”. O comunicado lembra que “Kalil é obstetra ginecologista há 36 anos, sendo um dos médicos mais reconhecidos do Brasil. Ao longo de sua carreira, já efetuou mais de 10 mil partos, sem nenhuma reclamação ou incidente”.