PF inicia investigação contra Bolsonaro por fala em que presidente associou vacina da Covid à Aids
Essa relação, que não existe, foi feita por Bolsonaro em uma live nas redes sociais
A Polícia Federal iniciou uma investigação para apurar a conduta do presidente Jair Bolsonaro, ao divulgar a fake news associando vacinação contra Covid a um risco de desenvolver Aids. Órgão afirma que quer usar cooperação internacional com o Reino Unido e os Estados Unidos no inquérito.
O presidente é investigado pelos crimes de epidemia, infração de medida sanitária preventiva e incitação ao crime, é o que diz a delegada responsável pelo caso, Lorena Nascimento, ao G1.
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A delegada afirma que Bolsonaro citou dados de outros países, por isso, a PF vai pedir a colaboração internacional nas investigações. A Coordenação-Geral de Cooperação Internacional precisa tomar as seguintes ações:
- Checar no Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido se o país teria divulgado em seus sites oficiais a informação de que “os totalmente vacinados [...] estão desenvolvendo a síndrome de imonudeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto”;
- Conferir no Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid), dos Estados Unidos, se existe alguma publicação de profissionais que compõem o instituto, em especial do médico imunologista Anthony Fauci, concluindo que a maioria das mortes da gripe espanhola tenha acontecido devido a uma pneumonia bacteriana secundária, e que a proliferação dessa bactéria esteja associada ao uso de máscaras.
A PF informou que vai analisar a confiabilidade de sites eletrônicos que serviram de base para as informações replicadas pelo presidente da República na live.
Abertura de inquérito
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou no dia 3 de dezembro do ano passado, a abertura de mais um inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) por declarações falsas do chefe do Executivo sobre a relação entre a vacina contra a covid-19 e a infecção pelo vírus da Aids. A Polícia Federal instaurou a apuração no dia 23 de fevereiro.
Divulgação de notícia falsa
A fake news divulgado pelo presidente do Brasil aconteceu em uma live redes sociais no dia 22 de outubro, e desmentida por especialistas e por plataformas de checagem nas horas seguintes. Conforme Bolsonaro, relatórios oficiais do Governo do Reino Unido sugeririam que as pessoas totalmente vacinadas, portanto, imunizadas com as duas doses da vacina, "estariam desenvolvendo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida [a Aids] muito mais rápido que o previsto".