Dr. Jairinho ficou "alterado" após descobrir que Henry Borel contou violência à mãe, diz babá

Thayná de Oliveira Ferreira relatou que o vereador chegou a confrontar o menino ao saber

Escrito por Redação , país@svm.com.br
Vereador Dr. Jairinho, suspeito da morte de Henry Borel
Legenda: Vereador Dr. Jairinho, suspeito da morte de Henry Borel
Foto: divulgação/Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Em uma das agressões físicas cometidas contra o menino Henry Borel, morto no dia 8 de março, o vereador Dr. Jairinho teria ficado "visivelmente alterado" após o enteado relatar a violência à mãe Monique Medeiros. A informação consta em novo depoimento feito pela babá Thayná de Oliveira Ferreira ao 16º DP, na Barra da Tijuca. 

Conforme o relato, Henry foi atacado pelo padrasto com chutes e uma rasteira. Na sequência, ele contou à mãe o episódio, acrescentando que estaria com dores na cabeça e no joelho.

Horas depois da agressão, o vereador voltou ao apartamento "visivelmente alterado" e questionou a criança: "Henry, o que você falou para a sua mãe? Você gosta de ver a sua mãe triste com o tio? Você mentiu para a sua mãe?", detalhou a babá.

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Thayná também revelou à polícia que Dr. Jairinho a pressionou para dizer o teor da conversa entre Henry e Monique.

"Ele ligou? O que vocês falaram?". A babá não respondeu ao questionamento, mas disse ter pedido calma ao vereador.

Dr. Jairinho estendeu as mãos e chamou Henry, e recebeu outra negativa. "O menino não quis ir, se encolhendo no colo [da babá]".

Henry acabou confirmando ao padrasto em seguida que contou à mãe. A cuidadora detalhou que Dr. Jairinho respondeu alegando que as mentiras do menino o deixavam "triste".

Medo de agressão

Ainda no depoimento, a babá esclareceu que mentiu no primeiro relato por receio de ser agredida, "já que, por ter visto o que Jairinho tinha feito contra uma criança, ficou com medo que algo também pudesse acontecer com ela".

foto de henry borel
Legenda: Henry Borel morreu em 19 de março, aos 4 anos de idade
Foto: Reprodução/Redes Sociais

A cuidadora informou à polícia pelo menos outros dois episódios de violência contra a criança somente no mês de fevereiro. O primeiro dele ocorreu no dia 2 após Monique sair de casa para praticar esportes.

Segundo Thayná, Henry estava no próprio quarto e começou a chamar pela mãe. Dr. Jairinho, então, foi ao local e o chamou de "mimado". O vereador também teria levado o enteado para o quarto de casal, onde permaneceu de portas fechadas por meia hora. A babá afirmou não ter ouvido a agressão, mas lembrou que a criança reclamou de dor no joelho no mesmo dia.

Já no fim do mês de fevereiro, enquanto Monique estava na academia, Thayná recordou que Dr. Jairinho novamente chamou Henry para o quarto de casal. Apesar de ter batido na porta, ninguém respondeu. Contudo, percebeu que o menino ficou intimidado. Henry teria explicado que havia caído da cama. 

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Morte de Henry

Henry Borel morreu na madrugada de 8 de março, no apartamento em que vivia com Monique e Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca. Segundo as investigações, ele era agredido pelo vereador com bandas, chutes e pancadas na cabeça. Monique tinha conhecimento da violência desde o dia 12 de fevereiro, pelo menos. 

Henry foi levado pela mãe e pelo padrasto ao hospital Barra D'Or na madrugada de 8 de março e já chegou à unidade sem vida. 

O laudo hospitalar sobre o corpo concluiu que a criança apresentava as seguintes condições: 

  • múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores;
  • infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça;
  • edemas no encéfalo;
  • grande quantidade de sangue no abdome;
  • contusão no rim à direita;
  • trauma com contusão pulmonar;
  • laceração hepática (no fígado);
  • e hemorragia retroperitoneal.

Prisão

jairinho
Legenda: Dr. Jairinho foi preso no último dia 8 de abril
Foto: Reprodução/TV Globo

O vereador carioca Jairo Souza Santos Júnior, mais conhecido como Dr. Jairinho, e a mãe de Henry Borel, a professora Monique Medeiros, foram detidos no dia 8 de abril por policiais da 16ª DP, da Barra da Tijuca, após a juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri da Capital, expedir mandados de prisão temporária por 30 dias. 

Os investigadores afirmam que Henry foi assassinado com emprego de tortura e sem chance de defesa. O inquérito aponta que a criança chegou à casa da mãe por volta de 19h20 de 7 de março, um domingo, após passar o fim de semana com o pai. 

 

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