Caso Pavesi: réu por matar e retirar órgãos de criança é condenado a 21 anos de prisão

Sentença do médico foi determinada nesta terça-feira (19); juiz negou pedido de recurso em liberdade

Escrito por Redação ,
Legenda: Leitura da sentença do réu do Caso Pavesi foi realizada nesta terça-feira (19)
Foto: Reprodução

O médico Álvaro Ianhez, um dos acusados pela morte e retirada ilegal de órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, foi condenado por homicídio duplamente qualificado nesta terça-feira (19) e deverá cumprir pena de 21 anos e oito meses de prisão em regime fechado. As informações são do g1

O crime contra a criança de 10 anos aconteceu em abril de 2000, em Poços de Caldas, no Sul de Minas. Na sentença, o Tribunal do Júri, em Belo Horizonte, considerou o fato da vítima ter menos de 14 anos. A sessão começou ainda na segunda-feira (18).

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Apesar de a defesa do réu ter solicitado para ele recorrer em liberdade, o pedido foi negado por conta da "gravidade do crime".

Após sentença, um mandado de prisão foi expedido contra o médico, que está em São Paulo, de acordo com o g1

Em janeiro de 2021, outros dois médicos, José Luiz Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, foram condenados a 25 anos de prisão. Já Marcos Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri.

Entenda o caso Pavesi

No ano 2000, quatro médicos foram denunciados pelo Ministério Público por realizarem procedimento incorreto contra Paulo Veronesi Pavesi depois de a criança cair de uma altura de 10 metros, do prédio em que vivia.

Eles ainda foram denunciados por homicídio qualificado e pela retirada dos órgãos do garoto. Dentre os médicos, estavam José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez.

Na época, os médicos negaram qualquer irregularidade. No entanto, foi divulgado que o exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado. Dessa forma, Pavesi ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos.

Em agosto de 2014, após pedido do Ministério Público, o caso foi transferido de Poços de Caldas para Belo Horizonte. A mudança ocorreu para evitar que os médicos influenciassem os jurados.

Uso dos órgãos em outros pacientes

Paulo Pavesi foi atendido no hospital da Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas depois de sofrer traumatismo craniano. O MP apontou que os médicos buscavam utilizar os órgãos da criança em outros pacientes. 

"Esse resultado é uma gota de alento em um mar de tanta dor, de tanta impunidade".
Giovani Avelar Vieira
Promotor

No entanto, a defesa já afirmou que recorrerá da decisão e entrará com um pedido de habeas corpus, para o médico responder em liberdade.

"Nós respeitamos a decisão, mas ela é contrária à prova dos autos", falou o advogado de Ianhez, Luiz Chimicatti

Denúncia do Ministério Público

Na denúncia do Ministério Público foi apontado que Álvaro e outros acusados agiram com intenção de forjar a morte de Paulo Pavesi para a retirada ilegal de órgãos.

Isso porque, após a criança dar entrada na unidade de saúde com vida, morreu dois dias depois, no dia 21 de abril. Os médicos atestaram morte encefálica.

"Essa foi uma das diversas irregularidades ocorridas no atendimento ao garoto, pois, como interessados no transplante de órgãos, havia vedação legal para que eles atuassem na constatação da morte do paciente".
Ministério Público de Minas

Segundo o advogado da família, Dino Miraglia, Ianhez era dono da clínica em que foi realizado o transplante ilegal de rim; diretor da Santa Casa e médico responsável pela retirada dos órgãos. 

"Ele estava presente desde a hora que em que ele (Pavesi) foi transferido de um hospital para outro sem a menor necessidade e quando anestesiaram o menino para fazer retirada de órgão. Se o menino estava com morte cerebral, para que anestesiou? Anestesiou porque não tinha morte cerebral. Se não tinha morte cerebral, não podia ter transplante", finalizou o advogado.

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