Araraquara, em São Paulo, tem queda de 37% na média de casos de Covid-19 duas semanas após lockdown
Com sistema de saúde em colapso, prefeito Edinho Silva (PT) decretou lockdown em 21 de fevereiro
A cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, registrou, nessa terça-feira (9), queda de 37% na média móvel de novos casos de Covid-19. A taxa, que vem em comparação com 14 dias atrás, apontou redução de 178 para 112 casos diários. A prefeitura do município paulista atribuiu os dados a um possível reflexo do lockdown adotado no local.
De acordo com a administração municipal, não há pacientes com Covid-19 aguardando leito na rede pública do município, que está com 181 pacientes internados. A ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da cidade, tanto na rede pública como na rede privada, está em 93%. Já a Santa Casa está com os 10 leitos de UTI Covid preenchidos. No Hospital de Campanha, 18 dos 20 leitos de UTI estavam ocupados na manhã de terça.
"Nosso sistema está estrangulado ainda. O número de internados ainda é extremamente alto para a capacidade do sistema", afirmou Walter Figueiredo, diretor do Serviço Especial de Saúde (Sesa) de Araraquara, vinculado à Faculdade de Saúde Pública. "Se não houver modificação no cenário estadual, a gente ainda vai ter problema".
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Para Figueiredo, a mudança na curva de transmissões do novo coronavírus na cidade pode estar associada a um conjunto de ações. Ele pontua o "lockdown", o alto número de testagem, a busca por fazer bloqueio em torno de infectados e o monitoramento dos pacientes — "Araraquara, desde o início da pandemia, teve taxa de isolamento muito baixa", pontuou. Mesmo assim, especialistas em saúde e a Prefeitura mantêm o alerta para que a população cumpra as medidas restritivas.
Ele reforça que o isolamento social permanece fundamental e que é importante que os municípios da região adotem estratégias em conjunto. "Se a tendência permanecer, apesar de ter sido um curto período, significa que pode ter provocado impacto", afirma Figueiredo. "Nas estratégias adotadas por vários países, tem lockdown de muito tempo, tem que ter no mínimo duas semanas".
Covid-19 em Araraquara
O município, que terminou 2020 com 8.327 casos, chegou a 15.640 confirmações e 258 óbitos pelo novo coronavírus nesta terça-feira, com 64% deles ocorridos neste ano. Nesta terça, foram confirmadas seis mortes: quatro na rede pública, uma na rede privada e uma em residência.
A prefeitura colocou o município em regime de restrição quase total no dia 15 de fevereiro, após confirmação de casos da variante P.1, inicialmente identificada em Manaus. Além da nova cepa, havia também aumento da procura por oxigênio, alta na ocupação de UTIs — a taxa permaneceu em 100% por 15 dias — e no número de mortes.
O prefeito Edinho Silva (PT), sem atingir a redução esperada no nível de isolamento e com o sistema de saúde colapsado, decretou "lockdown total" no dia 21 de fevereiro. Por uma semana, até supermercados ficaram fechados para atendimento presencial e postos de gasolina atendiam apenas veículos de serviços públicos.
O município passa agora por um plano de retomada lento e gradual, no qual as medidas mais rígidas adotadas pela Prefeitura vão sendo retiradas passo a passo até ficarem iguais às determinadas pelo governo estadual no Plano São Paulo.
O diretor clínico do hospital da Unimed, Antonio Durante, confirma ser perceptível a diminuição na procura por atendimento e novas internações. "O lockdown no momento certo, junto com outras medidas que adotamos, foi importante", afirma. Ele considera que o maior controle adotado sobre os pacientes e a vacinação de profissionais de saúde também contribuiu para que os índices melhorassem. Mas alerta: "nossa UTI continua com ocupação muito alta, o paciente entra em um leito e fica três semanas".
A Prefeitura acompanha os pacientes que estão em quarentena por telefone ou por visitas em domicílio, buscando avaliar a necessidade de internação caso o quadro do paciente seja agravado. O município também passou, na terça, a vacinar os idosos com 79 anos ou mais, em drive thru no Sesc e em quatro unidades de saúde em diferentes pontos da cidade.