Gêmeas roubadas em maternidade se reencontram graças a vídeo no TikTok; entenda
Amy e Ano também reencontraram a mãe, Aza, quase duas décadas após as três serem separadas
Duas irmãs gêmeas se reencontraram quase duas décadas após serem roubadas da mãe em um hospital na Geórgia e vendidas para famílias diferentes. Amy Khvitia e Ano Sartania, como foram identificadas por uma reportagem da BBC, se descobriram por acaso devido a um programa de talentos na TV e a um vídeo publicado no TikTok.
Tudo começou quando Amy, aos 12 anos, estava assistindo ao Georgia's Got Talent na casa de sua madrinha, próximo ao Mar Negro, e viu uma garota idêntica a ela dançando na televisão. "Todo mundo telefonava para minha mãe e perguntava: 'Por que Amy está dançando com outro nome?'", lembrou a jovem.
Sete anos depois, em novembro de 2021, Amy postou um vídeo dela mesma no TikTok, no qual estava com o cabelo azul, fazendo um piercing na sobrancelha. Ano recebeu esse vídeo de um amigo e achou a garota das imagens parecida com ela. "Legal se parecer comigo", disse. Porém, ficou curiosa sobre a garota e decidiu procurá-la na Internet.
Ano compartilhou o vídeo em um grupo de WhatsApp e alguém que conhecia Amy deu a ela o Facebook da garota. E, quando conversaram, Amy soube imediatamente que sua interlocutora era a garota que ela tinha visto anos atrás, no Georgia's Got Talent. "Estou procurando por você há tanto tempo", ela disse. "Eu também", respondeu Ano.
Nos dias seguintes, à medida que a conversava avançava, as duas descobriram que tinham muito em comum, mas alguma coisa não fazia sentido.
Ambas nasceram na extinta maternidade de Kirtskhi, no oeste da Geórgia, mas, conforme suas certidões de nascimento, seus aniversários têm algumas semanas de intervalo. Só pelas informações que tinham, elas não poderiam ser irmãs, muito menos gêmeas, mas havia muitas semelhanças, inclusive de gosto musical e de maneira de pentear o cabelo. Além disso, elas descobriram que tinham a mesma doença genética, um distúrbio ósseo chamado "displasia".
"Cada vez que eu aprendia algo novo sobre Ano, as coisas ficavam mais estranhas", disse Amy à BBC.
As jovens, então, decidiram se encontrar, e combinaram de se ver na estação de metrô Rustaveli, em Tbilisi. "Foi como olhar no espelho, exatamente o mesmo rosto, exatamente a mesma voz. Eu sou ela e ela sou eu", disse Amy. "Não gosto de abraços, mas abracei ela", completou Ano.
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Confrontaram as famílias adotivas
Conscientes de que eram irmãs gêmeas, Amy e Ano decidiram confrontar suas famílias. E foi assim que elas descobriram que foram adotadas, separadamente, com algumas semanas de intervalo, em 2002.
Incapaz de ter filhos, a mãe de Amy revelou que, à época, uma amiga lhe contou que havia um bebê indesejado no hospital local e que ela precisaria pagar uma quantia aos médicos, mas poderia levar a criança para casa e criá-la como se fosse sua. A mãe de Ano relatou a mesma história. Ambas as famílias também alegaram que não sabiam que as filhas eram gêmeas.
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Reencontro com a mãe biológica
Amy queria tentar reencontrar a mãe biológica, mas Ano hesitava. "Por que você quer conhecer a pessoa que pode ter nos traído?", ela questionava. No entanto, Amy estava curiosa para descobrir toda a verdade, e encontrou no Facebook um grupo dedicado a reunir famílias georgianas com crianças suspeitas de terem sido adotadas ilegalmente.
No fórum, a jovem compartilhou sua história e recebeu retorno de uma jovem na Alemanha dizendo que sua mãe tinha dado à luz gêmeas na maternidade Kirtskhi, em 2002, mas que teriam dito no hospital que as crianças haviam morrido. Ela, porém, duvidava dessa versão.
Situações como essa eram comum no grupo, que conta com inúmeras postagens de mães contando que a equipe do hospital lhes disse que seus bebês haviam morrido, mas depois descobriram que os óbitos não foram registrados e seus filhos ainda poderiam estar vivos.
Testes de DNA revelaram que a menina da Alemanha era, de fato, irmã de Amy e Ano, e morava com a mãe biológica das gêmeas, Aza.
A mulher e as filhas se reencontraram em um hotel em Leipzig. Segundo a BBC, que acompanhou o momento, a mãe abraçou as gêmeas com força e não falou nada. Depois, sentaram para conversar e ouviram da mulher que ela ficou doente após o parto e entrou em coma. E, quando acordou, a equipe do hospital afirmou que os bebês haviam morrido. "Sempre senti que faltava alguma coisa ou alguém na minha vida", disse Ano.