Os imunizantes contra Covid-19 utilizados no Brasil aumentam a proteção nas pessoas que já se contaminaram com a doença, apontam pesquisadores do projeto Vigivac, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A descoberta foi detalhada em estudo publicado na revista Lancet, nessa quinta-feira (31).
Além do crescimento dessa efetividade, as vacinas CoronaVac, AstraZeneca, Janssen e Pfizer ainda reduzem a ocorrência de hospitalização e mortes em decorrência da doença.
No caso das pessoas que concluíram o esquema vacinal, a efetividade dos imunizantes contra internação ou morte, após 14 dias ou mais, apresentaram taxas de:
- CoronaVac: 81,3%
- AstraZeneca: 89,9%
- Janssen: 57,7%
- Pfizer: 89,7%
Já no caso dos pacientes sintomáticos, a taxa de efetividade encontrada foi:
- CoronaVac: 39,4%
- AstraZeneca: 56%
- Janssen: 44%
- Pfizer: 64,8%
A pesquisa contou com apoio de dados nacionais de notificação, hospitalização e vacinação de Covid-19. Além disso, a análise focou no período anterior à chegada da variante Ômicron ao Brasil, entre 24 de fevereiro de 2020 a 11 de novembro de 2021.
Os cientistas identificaram cerca de 213 mil pessoas com sintomas que realizaram teste RT-PCR em um período de pelo menos 90 dias após uma infecção pelo coronavírus e depois do início do programa de vacinação.
A partir desse grupo, descobriram 30.910 pessoas com casos confirmados de reinfecção pelo SARS-CoV-2.
Dose de reforço
O artigo constatou que uma segunda dose dos imunizantes CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer garantem uma proteção adicional significativa contra infecções sintomáticas e casos severos. Apesar de que "muitos países recomendam que uma dose é suficiente para indivíduos previamente infectados".
Além disso, perceberam a queda de anticorpos nos nove meses seguintes à recuperação dos pacientes. Assim, a dose de reforço é capaz de aumentar a diversidade de anticorpos e a proteção contra variantes.
"Consideradas conjuntamente, essas descobertas podem ajudar a explicar os benefícios adicionais de uma segunda dose entre indivíduos que foram previamente infectados, apesar da resposta imune robusta produzida pela primeira dose".
Limitações na metodologia
No entanto, o artigo aponta limitações na metodologia utilizada capazes de afetar a efetividade da vacina e, também, apresentar diferenças na precisão dos testes RT-PCR usados em diferentes partes do País. Dentre elas, estão:
- Falta de dados sobre a variante de cada caso de Covid-19;
- Impossibilidade de comparar a efetividade considerando a faixa etária, já que pesquisa tinha média de pessoas com 36 anos;
- Vacinas foram introduzidas no calendário em períodos diferentes e, dessa forma, a imunidade tende a cair com o tempo.